16 janeiro 2013

Diário de uma astróloga – [43] – 16 de Janeiro de 2013

O Zodíaco em  Downton Abbey

As razões do sucesso global de Downton Abbey são múltiplas: a qualidade do texto, o nível dos actores, o tema de fim de época, o “glamour” do inacessível, etc. Mas ainda há outra, do foro astro/jungiano: se os personagens de uma história e as suas vivências exprimem bem as características dos signos e planetas do zodíaco, um público amplo encontra neles pontos comuns, e a popularidade da série/filme/história fica garantida.

Até agora não tinha visto Downton Abbey, porque vivo em Itália, onde tudo o que passa na televisão é dobrado em italiano, para mim um não não para um clássico inglês. Este Natal rectifiquei a situação com maratonas de episódios em DVD em noites sucessivas: vi toda a primeira e segunda séries.

Aí pelo terceiro episódio comecei a pensar qual seria a energia/signo do zodíaco predominante de cada personagem. Aqui ficam os resultados, com as palavras que se enquadram no arquétipo a negrito.
Robert, Earl of Grantham:  Leão – Sol 
A estrela à volta de quem  Downton Abbey gira. É o rei prestes a perder a sua posição. Egocêntrico: conversando com a filha sobre ao seu casamento com Cora diz “a tua mãe fez-me muito feliz”. Tenta ser autoritário mas no fundo no fundo é magnânimo: toma a seu serviço Bates sabendo que não desempenhará bem as funções, e ajuda financeiramente Sybil.

Cora, Countess of Grantham:  Balança – Vénus – Juno
Elegante, equilibrada, encantadora, racionalizou o casamento de conveniência arranjado pelo pai. É a mulher dedicada, a anfitriã perfeita, capaz de ver os problemas pelos olhos dos outros. Aprecia a harmonia, aceita as normas sociais que não faziam parte da educação americana.

Lady Mary Crawley: Carneiro – Marte em Caranguejo
Directa, determinada e impulsiva. Enérgica, monta a cavalo, vai à caça e satisfaz os seus desejos sexuais de uma forma imediata. A principal lutadora pela sua “casa”. Tem uma relação de competitividade com a irmã Edith.

Lady Edith Crawley: Virgem
Aparentemente destinada a tia, posiciona-se como vitima até encontrar um objectivo: aprender a guiar e tornar-se útil aos convalescentes e à comunidade.

Lady Sybil Crawley: Aquário - Urano
Progressista, com consciência política quer libertar-se das restrições sociais em que está presa, primeiro ao vestir calças e ir a uma manifestação, depois ao atravessar a linha entre senhores e servidores indo para cozinha e, finalmente, quebra todas as barreiras ao apaixonar-se e casar com o motorista.

Lady Violet, Countess of Grantham: Gémeos - Mercúrio 
Apesar de ser a matriarca da família e muito tradicional, não são estas as características que marcam o seu arquétipo mas sim a sua resposta pronta. O lado mercuriano está bem em evidência pela versatilidade com que assegura ao filho Robert que “encontrará” detalhes da genealogia de Branson para tornar o casamento com Sybil aceitável socialmente. A esperteza que usa na argumentação com o padre para o convencer a celebrar o casamento de William é geminiana, assim como a tendência para argumentar com a Isobel Crawley, assinalando a quadratura entre os signos de Gémeos e Virgem.

Isobel Crawley: Virgem – Ceres - Quiron
Viúva, torna-se o útil no hospital de uma forma eficiente e pragmática, mas usando de muito pouco tacto. É a grande mãe que se ocupa de carências de ordem social, tentando aliviar os que sofrem.

Matthew Crawley:  Balança – Vénus – Pallas
Advogado, mediador, preocupado com a justiça, em fazer o que está certo, sem perder o seu charme. Atento a questões de equidade entre classes sociais.

Mrs. Hughes: Caranguejo – Lua
Impõe a sua autoridade de governanta de uma forma maternal. Manda, mas toma conta e protege, como aconteceu com a Ethel. O seu domínio de acção são as outras mulheres. A sua presença é suavizante.

Mr. Carson: Capricórnio – Saturno  
Preso à tradição e ao passado resiste a qualquer mudança. Muito consciente do seu status e do da família, impõe disciplina ao seu pessoal e a si próprio, não se permitindo sequer ficar doente.

Tom Branson: Sagitário – Júpiter
Tem convicções políticas e acredita firmemente na sua capacidade de ir mais longe, de ultrapassar a sua condição de motorista e tornar-se jornalista.

William Mason: Peixes  - Neptuno  
É desinteresseiro e inocente. Sonha com a sua Daisy, que se vê forçada a iludi-lo. Sacrifica-se pelo seu patrão e morre em paz.

Mr John Bates e  Anna Smith: Touro – Terra
O casal Bates tem uma presença calma e são dotados de senso comum e paciência. Procuram a estabilidade e demonstram  grande persistência na luta contra a adversidade.

Sarah O’Brien e Thomas Barrow: Escorpião – Plutão
Ambos são manipuladores e vingativos usando todos os meios para controlar a situação
Thomas mostra a homossexualidade que possivelmente explica parte do seu comportamento pois deve ter sofrido bastante. O’Brien revela a capacidade de transformação mostrando que tem remorsos.

Downton Abbey: Saturno em Leão na casa 3
É uma estrutura (Saturno) majestosa (Leão) onde uma pequena comunidade conversa, discute, mexerica através de portas que se abrem e fecham, corredores e escadas (casa 3).


A sobrevivência de uma série ou de um mito está relacionado com os arquétipos do zodíaco que habitam o inconsciente colectivo. A pureza astrológica dos personagens vai-se dissolver nas séries seguintes em nome da necessidade de manter o publico interessado e dos compromissos profissionais dos actores.

Mas estas duas primeiras séries divertiram, não só a espectadora, como satisfizeram a astróloga.

Luiza Azancot

4 comentários:

JdB disse...

Excelente post sobre uma excelente série, embora as opiniões se fossem dividindo quanto ao merecimento. Segui interessado quase todos os episódios e, confesso, fiquei desiludido quanto ao final. Preferia que tudo tivesse acabado bem, porque para desgraças já nos basta as que nos batem à porta ou que vemos nas portas alheias.
Lerei com algum detalhe os personagens e tentarei "colar" a algumas pessoas. Olhei para o meu próprio signo e fiquei satisfeito. Podia ser pior... Não concordo com uma única coisa: às vezes apetecia-me ficar doentinho, com 37,8ºC, e ir gemendo baixinho enquanto me traziam uma canja fumegante...

ALA disse...

Ui... gostava da velha e agora percebo porquê. Excelente post LA.
És de facto boa nisto.

LA disse...

ALA e JdB ainda bem que se divertiram porque eu tambem me diverti bastante a ver e a pensar nestas signos ficticios. Acho que o fim triste deveu-se a aspectos practicos: Dan Stevens actor que faz de Matthew Crawley (ele proprio um Balanca) teve uma oferta para fazer um filme... Quando a realidade choca com a ficcao...

Anónimo disse...

Adorei este post! Sobretudo a descrição do Lord Grantham e Lady Violet. Mas estou como o JdB, não estava preparada para este final trágico.
Quanto à Mary e à Edith nunca tinha pensado na relação delas como de competitividade, sempre achei que a Edith se sentia ofuscada pelas irmãs fazendo tudo para chamar a atenção, enquanto que para a Mary lhe era indiferente.

Muito bom!

MFM

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