07 março 2014

Colar de pérolas (12)


O caso parece que aconteceu mesmo, em Minas Gerais, faz tempo. Uma fábrica contratou o melhor génio do Brasil em determinada tecnologia, que, para vocês e para mim, não faz a menor diferença, mas que, para eles, fazia a maior diferença. O cara tinha carta-branca, cartão de crédito, passe multi-modal. Trabalhava horas a fio, dia e noite, noite e dia, numa máquina que para os doutores lá da fábrica, lhes daria uma enorme vantagem competitiva. Quando, ao cabo de dois anos, finalmente decidiram inaugurar a desejada e prometida máquina.. depararam-se com uma gigantesco órgão de tubos, ligado a computadores monstruosos. Um informe instrumento musical, nem moderno nem arcaico, mas isso tudo a um só tempo. Milhões de reais transformados em quê? - gritaram, furibundos. O cara, o nosso engenheiro-génio, foi dentro, por burla ou coisa assim. Em sua defesa alegou Kant, e a noção de "imperativo categórico". Mas o meretíssimo juíz não tinha lido Kant, tal como a comissão estadual de psiquiatria chamada para dar também o seu parecer. Desde então, nunca ninguém tocou (n)o instrumento que durou aqueles dois laboriosos anos a ser construído, consumindo milhões de reais. E é bem verdade que já ninguém lê os clássicos. E ainda dizem que não há poesia no "non-sense". Vai, Brasil - lá diz a outra.

gi.

3 comentários:

Kika Gontijo disse...

Com todo respeito ao meu patrício, dono deste blog, mas este caso não aconteceu de verdade. Sou brasileira de Minas Gerais, leitora de clássicos, conhecedora de Kant e de tudo o que se passa no meu estado.
Abraços,
Christiana

Anónimo disse...

Kika,
Na qualidade de autor do texto, quero esclarecer que o mesmo é inteiramente ficcional, devendo ser lido com alguma ironia.
A referência ao Brasil é um mero processo literário - não tendo qualquer intenção para lá de uma certa musicalidade da língua.
Muito obrigado.
Saudações atlânticas, desde Lisboa.

Gi.

Anónimo disse...

:D

Querido gi, tem que começar os seus posts com:

''Isto é uma pérola de 'brincar', qualquer semelhanças com as verdadeiras, é pura coincidência''.

;)

a.

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