perdido entre traduções, alimento-me de café bem escuro,
da vista para um velho pátio, de tangerinas fora-de-época.
sei que não posso viver da poesia, por isso exerço um outro
banal mister, entre papelada avulsa e dicionários mudos.
um fantasma, ainda assim, espreita, dá de si sinal de vida,
pisca-me o olho e sugere-me um título para este poema.
deixei para trás, dizia, o meu sonho de ser das letras mestre,
por razões tão vis que até do meu fantasma as escondo.
entretanto, adormeço e sonho contigo, como um escritor deve,
acho eu, sonhar com um naco de bela prosa - a volúpia rara
que nos faz desejar um exercício extremo de "close reading"
- de palavras, para "veros" poetas; dos teus lábios, para mim,
senhora mais do que minha e meu tão doce fantasma.
gi.
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