26 março 2015

"O Fado, canção de vencidos"

O pensamento parece-me ser de um óbvio lugar-comum: a noção de beleza tem vindo a mudar com o tempo. O que achamos bonito hoje é diferente do que se achava bonito há 100, 200, 500 anos. E no entanto, uma coisa é certa - em todo o tempo se definiu o que era bonito e o que era feio. Talvez arrisque mesmo dizer que poderemos não concordar universalmente no ideal de beleza ao longo do tempo, mas concordaremos sempre naquilo que é feio. Um pouco como me dizia um padre amigo: poderemos não saber o que está certo, mas sabemos sempre o que está errado... 

Os letristas do fado são de tal forma criativos que tudo serve para uns versos singelos: uma gaivota, um pardal, uma azenha, um toiro. E até uma feia, alvo do amor devotado de um homem que sabe quem tem à frente mas que, mesmo assim, se encanta por uma beleza interior. Uma ideia bonita mas...

Deixo-vos com dois fados diferentes, interpretados por Carlos Ramos e Natalino Duarte (embora na imagem abaixo refiram o fadista José Coelho), respectivamente, dedicados à mulher feia.

Frederico de Brito, Britinho [1894 - 1977], foi estucador e motorista de taxi, e por isso também ficou conhecido como o Poeta Chofer. Mais tarde foi inspector da Companhia de Petroleos Atlantic, hoje BP (Poetas Populares do Fado Tradicional, Daniel Gouveia e Francisco Mendes, 2014). De Albino Paiva não consegui saber nada.

Nota: ambas as imagens são tiradas de www.portaldofado.net




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