A pergunta é humorística, não requer uma resposta exacta. Acima de tudo, dispensa uma resposta exacta. O 25 de Abril foi há 43 anos e sobre esse dia não farei análise. Nem sequer direi que falta cumprir-se Abril porque, de facto, falta: o mês acaba a 30...
O período a seguir ao 25 de Abril foi, para um rapaz urbano como eu, filho de gente católica, monárquica e conservadora, um período entusiasmante, pese embora algumas selvajarias de ponto de vista cívico, como pintar frases políticas no centro histórico de Évora. Mas eram, repito, tempos entusiasmantes: militante do CDS, confrontei-me com discussões políticas no liceu, com alguns encontrões e com ameaças; confrontei-me com a adrenalina de fazer parte do primeiro grupo que colou cartazes do partido em Évora, de pincel numa mão e matraca na outra, eu que nunca fui um homem violento, ou dado a brigas. Confrontei-me, acima de tudo, com uma luta emocional, por aquilo que entendíamos ser um combate contra o mal. Eram tempos de compromisso, de luta, de gozo, e mesmo de divertimento. Eram tempos de empenho, de causas. Nesse sentido foram tempos bons - talvez educativos e formadores de carácter.
Hoje serei revolucionário, deixando-vos com Zeca Afonso, um artista de que gosto muito, se tirarmos o pendor esquerdista sempre incómodo.
Bom feriado, onde quer que o gozem.
JdB
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