Cheguei no sábado a Marraqueche onde ficarei até 5ª feira, num misto de lazer e de trabalho. A partir de amanhã é trabalho - reuniões com o board do Childhood Cancer International e, na 4ª feira ainda, se tudo correr bem, uma tentativa de contacto com médico(s) de Cabo Verde, uma vez que a cidade marroquina é anfitriã de uma reunião alargada de oncologistas pediátricos e de associações de pais de crianças com cancro. Tudo numa dimensão regional africana. Porquê Cabo Verde? Porque nestas instâncias internacionais quase nunca está representado nenhum país dos Palop, e nós, enquanto Acreditar, gostaríamos de fazer alguma coisa.
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Marraqueche impressionou-me muito bem, se exceptuarmos a chegada caótica ao aeroporto: 1,5 horas para passar o controlo dos passaportes, 1 hora para passar com a mala pelo aparelho de raios X - e estou a falar da entrada no país...
Dou por mim quase obcecado com a história do ruído das cidades: se em Istambul o ruído ambiente era o chamamento regular para a oração e na Índia era o som das buzinas, em Marraqueche o ruído ambiente é o do comércio. Em todo o lado se comercializa alguma coisa, e na praça Jamaâ el Fna, aberta 24 horas por dia, essa ideia do comércio é elevada a uma potência enorme. Ontem e hoje, que lá estivemos, a praça fervilhava de gente - mas estamos a falar de muita gente, como se fosse uma manifestação política de sucesso: o trânsito pedonal é difícil, há encontrões, gente que toca e canta, gente que vende roupa, sapatos, especiarias; gente que mostra cobras ou se prontifica para uma fotografia. Tudo é vendável e vendido. Tudo é negociado: das especiarias às mochilas, dos táxis à contrafacção, das tatuagens ao sumo de laranja. Negociar é, para o árabe, uma alegria, uma fonte de contacto, uma forma de aproximação. Não há desrespeito.
JdB
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