A linearidade é uma aldrabice. É solúvel em vinho. Dobra-se a pulso ou à sorte. Nós, gente miudinha, somos tão mestres da ilusão que nos iludimos da nossa mestria. Gostamos de ignorar, por afinidade de lógicas, que a linearidade é quase sempre uma aproximação grosseira, tirada a ferros, inventada para sossegar ou afligir sem espinhas. Andar enganado é mais fácil. Ainda assim, quer no aborrecimento, quer na exaltação, e sobretudo quando as circunstâncias aparentam uma clareza e definição que não deixem apetite à dúvida, eu recordo a facilidade com que me deixo enganar por mim mesmo, escolho um assento que me pareça adequado e, com o maior dos vagares, me debruço sobre as curvas que sei que vou encontrar, ainda que toda a gente me diga que por ali é sempre a direito.
ZdT
1 comentário:
Um dia ainda vou dissecar os seus textos, linha a linha, frase a frase. Talvez me surpreenda, talvez me engane, talvez, vou adorar.
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