Com bom humor e bastante simplicidade
(que é como quem diz simplismo puro e duro) há umas dicas divertidas para um
leigo, que esteja a milhas da pintura, passar a reconhecer alguns dos pintores
mais emblemáticos da arte ocidental.
O início da tal mensagem
não deixa dúvidas de que vamos mergulhar numa explicação hiper condensada, de
ignorantes despachados para público equivalente, confirmando à letra o dito
popular de que a ignorância costuma ser atrevida. Parece até favorecer maximamente
o atrevimento… Não por acaso, os pintores merecem tratamento familiar, como se fossem
do nosso círculo de conhecidos, num afã titânico para nos tornar peritos no
património do Louvre, Hermitage, Capela Sixtina e lugares semelhantes. Tudo
muito acessível, como calhava bem.
A suposta aula, que
condensa 5 séculos de arte em dois minutos, tem saídas tão bem apanhadas, que
vale a pena partilhá-la. O mais não seja pelas telas lindas que a ilustram, com
legendas no tom festivo e informal dos brasileiros.
Quer aprender a reconhecer os pintores pelos
quadros? Então, vamos ao que interessa.
1) Se o fundo for escuro e toda gente estiver com ar de tortura, é do
Ticiano:
2) Se todo o mundo é rechonchudo, é do Rubens:
4) Se o quadro está apinhado de gente, que parece normal, é do Pieter
Bruegel:
5) Se todo o mundo parece um mendigo iluminado por um poste de rua, é do Rembrandt
6) Se o
quadro tem (ou podia ter) cupidos e ovelhas, é do François Boucher:
7) Se todos
forem lindos, estiverem semi-nus e empilhados ou bem apertados, é do
Michelangelo:
8) Se tem bailarina,
é do Degas:
9) Se tudo
é alongado, com muitos claros-escuros e homens barbudos de cara magra, é do El Greco:
10) Se todo o mundo parece o Vladimir Putin, é do Van Eyck:
Nesta lógica infalível, bastantes
mais pintores e museus caberiam: narizes e tudo o mais fora do sítio seria de Picasso,
os sorrisos enigmáticos de Leonardo, as taitianas de Gauguin, o mundo aos
quadradinhos de Vieira da Silva, as catedrais e os nenúfares de Monet, os
monstros psicadélicos de Bosch, Paris com nevoeiro e chuva de Cézanne, o Moulin
Rouge e toda a agitação da noite parisiense de Toulouse-Lautrec, a mania das
frutas e dos legumes de Arcimboldo, gente entretida em pequenos hobbies em
salas à meia-luz de Vermeer, etc. Não faltariam bons truques para preparar as
pessoas mais incautas para uma visita-relâmpago às colecções de arte da Europa
e dos Estados Unidos. Naturalmente que se contaria com um mínimo de boa vontade.
O final da tal lição
acaba por ser a cereja no bolo, assumindo
o objectivo (pueril e anedótico) de tentar impressionar o próximo, porque é
disso que se trata: «Agora, qualquer um está preparado para arrasar num Museu».
Leia-se arrasar no sentido mais literal do termo, e mesmo assim...
Entretanto, se houver
folga para ver telas boas, mas menos conhecidas e sem truques, recomenda-se a dupla exposição (até 20 de Outubro) sobre
a arte do reinado de D.João V, o rei do Convento de Mafra, que se desdobra
entre o MNAA e S.Roque (1), com o título sugestivo «A
Encomenda prodigiosa», aludindo à Capela Real de S.João Baptista, na Igreja de S.Roque.
Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2
semanas)
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(1) Links:
2 comentários:
Ri e apreciei... bem precisava. Obrigada.
De facto, os brasileiros têm uma forma gira e sugestiva de escrever. Penso que até será traduzido de um original em inglês. Mas foi bem transposto para a língua portuguesa. Abç, MZ
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