15 outubro 2013

Duas Últimas

Eu, JdB, me confesso: nunca fui grande apreciador de Bruce Springsteen. Conheço-lhe mal a discografia, identificarei meia dúzia de títulos, se tanto. Se me pedirem para citar dois, gaguejo, remetendo toda a beleza da música para o Requiem de Mozart, que esse sim, trauteio com gosto e desafinação em proporções iguais. Por isso dificilmente sugeriria, neste espaço que vou ocupando às 3ªs feiras, o cavalheiro em questão. Acontece que mão amiga enviou-me o youtube abaixo, sem qualquer nota explicativa que decifrasse o mistério, mistério que talvez só o fosse para mim. Abri-o no domingo com sossego, porque sei que daquele remetente só vêm coisas boas. Quedei-me surpreendido nos primeiros segundos, sem perceber porque mo tinha mandado. Bruce Springsteen? Para mim? E porquê?

De olhos postos no ecrã, numa tentativa embrutecida de desvendar a charada, vi os cinco minutos e um segundo. E não é que gostei? Não falo especificamente da música (uma letra simples e sincera, numa batida que se fixa), menos ainda da imaginação cinéfila do video, que não sei se pretendia ter. Mas gostei verdadeiramente daquele desfilar de pessoas de várias idades, a emoção nas caras diferentes: a alegria, a expulsão das tensões internas num corpo que se agita, o gozo de ouvir alguém que para eles é the boss, os risos, o embaciamento dos olhos, a chuva que cai perante a indiferença das pessoas, as multidões, os miúdos felizes a gozarem o ritmo, que o sentido das palavras ainda não o entendem. Talvez os cinco minutos não pretendam ser mais do que um desfilar humano de sensações e, em cada uma das pessoas que aparece, o desafio de imaginarmos uma vida única, irrepetível, cheia de encantos e desilusões, de choros e risos, de um dream baby dream repetido insistentemente  

Não sei porque é que o meu querido amigo JS me enviou o video. Prosaicamente, admito que se tenha enganado no destinatário, embora não me pareça. Admito ainda que tenha visto mais do que eu vi, porque há sagacidades e sensibilidades que bafejaram mais uns do que outros. Um dias destes almoçarei com ele e falaremos disto, como falaremos de livros, de futuro, de alma, de pessoas, de saudades e de projectos, da vida canalha feita de dinheiro e de horas. Aprenderei como sempre aprendo, verei melhor a vida e descortinarei coisas neste video - que lhe agradeço - e que não consegui ver, apesar de ter tentado três ou quatro vezes.

JdB
  

2 comentários:

Anónimo disse...

Era para si, sim.

Porque é difícil filmar - representar - a emoção em estado puro. E este videozinho consegue-o.

Porque é uma forma de dizer que o sonho de um verão interior nos acalenta, mesmo quando os dias são baçamente pluviosos.

Porque, e é a mais ponderosa razão, simplesmente.. porque sim.

Um abraço e obrigado.


esta "mão amiga"

Anónimo disse...

Tudo magnífico, video, música, texto!
Abr
fq

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