Olhar o mundo pelo lado das inexistências não é olhar o mundo pelo lado das tristezas. Observar-se o abandono pode ser a visão do que é descartável, do que já não interessa, do resíduo da vida das pessoas ou das comunidades. Pode ser a visão do riso que findou, da alegria que desapareceu, da agitação que não retorna, do fervor religioso que deu lugar à ruína, ao pó de onde viemos e para onde retornamos.
Olhar o mundo pelo lado das inexistências pode também ser a oportunidade da reconstrução, de umas botas que voltaram a ser engraxadas, dos corredores pejados de outra gente, das cadeiras elegantes onde se senta a humanidade que ri e chora e canta com os actores, que ouve a poesia que salva o mundo. Pode ser o vapor a correr de novo nas tubagens, o ruído dos motores e das bombas e das engrenagens, o barulho ritmado e contínuo do cereal a bater no metal, como se fosse chuva a cair na calçada, polindo-o até ser espelho.
O abandono é um ponto, apenas. Não mais do que um ponto. Aonde se chega, de onde se parte, para onde se caminha, de onde se avança de flor ao peito, em direcção ao nascer do sol.
JdB
(nota: esta série de fotografias, cujo link me foi enviado pelo meu querido amigo gi., pode ser vista
aqui).
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East State Penitentiary, Pennsylvania |
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Theatre, Connecticut |
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Waterworks, New Jersey |
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Sanatorium, New York |
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Masonic Lodge, New York |
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Grain silo, Buffalo, New York |
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Cathedral, Pittsburgh, Pennsylvania |
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Masonic chapel, New York |
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Asylum bowling alley, New York |
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Workers' boots, coalbreaker, Pennsylvania |
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