Hoje, mas há rigorosamente sete anos, partia para o Zimbabwe onde me quedaria durante dois meses carpindo mágoas, gozando alegrias, olhando para a frente e para trás com intensidades desiguais. Em bom rigor, é hoje que este estabelecimento faz anos, porque foi por esta viagem que ele foi criado. Tudo o que se passou antes teve uma dimensão de estágio, apenas. Por mais anos que viva esta foi, seguramente, a viagem da minha vida, frase que se tornou maçadora e gasta pela profusão de repetições.
Conheci Harare e o encanto dos jacarandás e das crianças fardadas por igual. Conheci Lusaca e a missão de padres portugueses. Conheci a Beira, um infantário para crianças no Macúti que abriram sorrisos que geraram outros sorrisos. Conheci a savana, as flat top acacia, o elefante e o rinoceronte a dois passos do nosso gin and tonic ao cair do dia. Conheci a montanha sagrada de Ngomakurira e a ala das crianças com cancro. Conheci o Pointe e a desvergonha do karaoke. Conheci gente que me ficou na memória e gente que se tornou minha história. Escrevi como nunca mais escreverei, numa dimensão de total liberdade criativa. Conheci o impacto do Mia Couto na construção de pontes. Tudo o que eu conheci e vivi não cabe nesta folha de computador, não cabe no espaço de tempo que entendi dedicar-lhe. Quase tudo agradeço ao embaixador da altura e meu amigo JdC.
Lembrar a minha partida para o Zimbabwe com música é afunilar tudo até à escolha única e possível: esta que vos apresento, talvez pela terceira vez desde que este estabelecimento está aberto. Agitem-se!
JdB
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