10 fevereiro 2021

Moleskine

Antiguidades

Tenho netos a brincar em casa. Um deles vai à casa de banho e recebe instruções básicas, como seja lavar as mãos e puxar o autoclismo. Tem 4 anos, pelo que o domínio da língua portuguesa é muito básico. Um dia mais tarde, quando perceber o que é uma metáfora ou uma sinédoque, vai estranhar que algumas expressões querem dizer o que querem e o seu contrário. Em bom rigor, já não se puxa o autoclismo, mas empurra-se (se assim se pode dizer) o autoclismo. Não se tracciona, pressiona-se.  Um dia os meus netos dir-me-ão que, para efeitos de casa de banho,  o português tem muito a desejar.

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Militares

Oiço o novo coordenador do Plano de Vacinação, o vice-almirante Gouveia e Melo. Por motivos que não vêm ao caso, tive várias reuniões com o seu antecessor, Dr. Francisco Ramos, enquanto Presidente do Conselho de Administração do IPO de Lisboa. Era uma pessoa cordata, educada, que suscitava respeito e consideração. Para quem, como eu, viveu o 25 de Abril de um certo lado, os militares não deixaram saudades. Não obstante tudo o aduzido acima, ouvir um militar a falar sobre este tema dá-me uma certa segurança. Para este efeito, há, num militar, uma certa credibilidade que não encontro num civil. No primeiro sinto planeamento, normas, factos, números, disciplina; no segundo vejo partido, política,  a voz do dono, clientela. Mesmo que esteja a ser injusto numa e noutra apreciação.

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Modernidades

Falo com alguém que me diz: Sabe... eu odeio a era media communication. Fascina-me até certo ponto e depois entedia-me. Estar a falar com um jovem da Polónia e com uma senhora na Jamaica ao mesmo tempo que consulto informação relevante na net... Respondo-lhe que, no meu voluntariado internacional, sou protagonista de experiências interessantes. E digo-lhe: há algo nesta parte da minha vida que me fascina: conversas com o Brasil, África do Sul, Malásia, China ou Chile, tudo em quase simultâneo... De lá vem a pergunta a que não sei ainda responder: mas a que preço? Ainda não sei, de facto. Há um preço a pagar nesta globalização das comunicações? 

JdB

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