Ilusão Perdida
Amei uma vez na vida,
Mas não pude ser amado
Por uma formosa cigana;
Era de raça diferente,
Diferente a sua cor
E tinha uma lei tirana.
Disse-me um dia, a chorar,
Essa linda ciganita:
"Perdoa-me, meu amor!
Jamais poderei ser tua
Porque só posso casar
Com alguém da minha cor!"
A soluçar, concordei,
Enchi-lhe a boca de beijos,
Foi a nossa despedida;
E com a raiva nos olhos
Vi partir a caravana
Que levava a minha vida.
Não mais a tornei a ver,
Não sei se vive, se é morta,
Se anda pelo mundo fora;
Se lá longe, muito longe,
Me tenta agora esquecer
Como eu a recordo agora.
Nunca mais amei no mundo
A ninguém um só momento;
Já pouco me importa a vida:
Sou monge, um vagabundo
Encerrado no convento
Da minha ilusão perdida.
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