Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc
1, 40-45)
Naquele tempo, veio ter com Jesus um leproso. Prostrou-se
de joelhos e suplicou-Lhe: «Se quiseres, podes curar-me». Jesus, compadecido,
estendeu a mão, tocou-lhe e disse: «Quero: fica limpo». No mesmo instante o
deixou a lepra e ele ficou limpo. Advertindo-o severamente, despediu-o com esta
ordem: «Não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece
pela tua cura o que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho». Ele,
porém, logo que partiu, começou a apregoar e a divulgar o que acontecera, e
assim, Jesus já não podia entrar abertamente em nenhuma cidade. Ficava fora, em
lugares desertos, e vinham ter com Ele de toda a parte.
***
A
verdadeira Cura
A exclusão absoluta era, provavelmente, o maior
estigma da lepra. Jesus compadece-se e toca o leproso. Não se trata de uma
terapia física, mas, digamos, de uma terapia total, em que acontece a salvação,
isto é, a recuperação da pessoa! A salvação de Jesus não é uma coisa meramente
corpórea, nem meramente espiritual ou espiritualista, nem uma realidade
meramente individual. É uma recuperação física, mental, espiritual e
comunitária.
Só quem é tocado por Jesus experimenta a sua
compaixão. Quem O procura e não se deixa isolar no seu sofrimento e na sua
tristeza, mas é capaz de vencer esse autoisolamento, para, apesar de tudo,
recorrer a Jesus Cristo como Ele pode ser encontrado em tantos sinais, na
comunidade cristã. Nós não somos capazes de anunciar verdadeiramente aquilo que
não nos tocou! A cura que Jesus Cristo realiza em nós é uma reintegração na comunidade
cristã que, no seu todo e na vivência comunitária, na sua partilha, na sua fé,
na sua esperança, na sua caridade, é o lugar da salvação. Jesus Cristo
reintegra-nos na comunidade, com Deus e com os outros.
D. Manuel
Clemente (2014), O Evangelho e a Vida.
Conversas na rádio no Dia do Senhor. Ano B. Cascais: Lucerna, 174-177.
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