A
Au dip iz ior lâve. Quis começar com música por respeito àqueles que não tendo tido, felizmente, outras carências, afirmam não saber viver sem sons harmoniosos. Na generalidade, a maioria das chamadas músicas pop tem, na minha mente, uma época, uma pessoa, um determinado acontecimento de referência. Esta não foge à regra. Mesmo que já ninguém a oiça, tem uma importância especial para mim, porque há coisas que são imorredouras, mesmo que sejam declaradas finadas.
África. Este mês que passou e o que há-de vir serão o meu verdadeiro baptismo do continente negro, ainda que já tenha passado por cá. Pelas características próprias da viagem, foram tempos marcantes, cheios de experiências novas, de contactos com gente radicalmente diferente, de confrontação com uma paisagem deslumbrante. Em boa hora vim.
África. Este mês que passou e o que há-de vir serão o meu verdadeiro baptismo do continente negro, ainda que já tenha passado por cá. Pelas características próprias da viagem, foram tempos marcantes, cheios de experiências novas, de contactos com gente radicalmente diferente, de confrontação com uma paisagem deslumbrante. Em boa hora vim.
B
Banda Larga. Há um mês que não sei o que é, dado ser um produto luxuoso e raro neste país. Mesmo assim, com mais ou menos dificuldade, escrevi e respondi a mails, trabalhei, alimentei o meu blogue, falei no MSN e no Skype. Antevejo uma baixa de tensão e uma vertigem quando chegar a Portugal e me defrontar com a rapidez internética comparativa da nossa rede.
Blogue. Iniciei-me nestas artes, sem saber ler nem escrever. Contaminado, sobretudo, pela Porta do Vento e pelo Pronome Possessivo, e graças à ajuda inestimável da Ana V., aqui estou, nas mais de 2.300 visitas. Para mim é obra, para outros serão trocos. Agradeço a todos os que sei que me visitaram, aos que imagino terem feito, aos que não puderam com a frequência desejada. O que farei dele quando regressar? Alguém quer ajudar no destino que terá?
C
Cor. Já não sei o que dizer mais desta cor africana: verdes, castanhos, cores secas, surpreendidas aqui e ali por um pintalgado vermelho. Uma delícia para os olhos, um desafio para quem se dedica à descrição das coisas, uma angústia para quem não sabe fazê-lo.
Cruzeiro. Não dirá nada a muitos, mas é uma referência saudosa no imaginário de todo o monte estorilense que se preza. Menciona-se o Cruzeiro para explicar um endereço, fala-se com sossego da competência da Farmácia Cruzeiro, é o edifício a que se dá as costas quando nos dirigimos ao mar. Hoje é uma estrutura decadente, mas já albergou a boite Zig Zag, local de algum encontro de jovens inocentes, desejosos de conviver – dançar, dar a mão, confidenciar, beber uma limonada, preparar em beijo, uma carícia, sei lá eu...
D
Distância. Quando pergunto a quantos quilómetros fica um determinado lugar, dizem-me com um sorriso genuíno: é perto, são cerca de 700. Os africanistas que me lêem sabem do que falo. Mas também distância geográfica a perder de vista: a savana, o mato, a planície, o pôr-do-sol, o infinito do mundo inteiro que se estende e nos esmaga.
Doris Day. A cantora que habita o meu pequenino corpo há tantos anos, e de cuja existência intestina só me apercebi aquando da noite do Karaoke, em que eu não era o João que muitos de vós conhecem, mas a menina do exorcista que fala línguas que desconhece, jorra matéria estranha pela cavidade bocal, tem comportamentos inauditos.
E
Embaixada. Uma casa privilegiada, onde me fizeram sentir como se estivesse na minha própria. 1 hectare de terreno bonito, árvores altas e espaçadas, relva numa rega permanente, verdes de tons diferentes e descansativos. Um local paradisíaco para se trabalhar e descansar.
Embaixador. Terá direito a crónica futura e exclusiva.
Esplanadas. Fazem-me falta e em Harare não há. Desconheço, ainda, se existem noutras paragens da África subsariana. Tenho saudades de estar a uma mesa no meio de uma praça, beber uma cerveja ou um refresco, ver gente a passar, sentir o bulício e o sol a iluminar um canto qualquer, imaginar histórias no par que está ao meu lado, no executivo que gesticula ao telemóvel, na rapariga de olhar nostálgico.
Espaço. Ver distância e encher os pulmões de ar e paisagem.
F
Felicidade. Não a encontrei aqui, porque também não vinha atrás dela. Ouvi a palavra em Harare (em história que contarei oportunamente à minha madrinha) com a banalidade com que se pronuncia em qualquer parte do mundo. A felicidade não é hoje um percurso, mas um destino para muitos que a querem encontrar, no matter what. Que os meus amigos me impeçam de invocar a palavra em vão.
Finalmente. Conjuga-se a palavra de forma variada: finalmente vou-me embora; finalmente vem-se embora; finalmente vai-se embora.
Finanças. O Zimbabué tem um conceito próprio desta expressão que governa os povos e as nações, as famílias e as empresas. Sobreviver aqui com o estado das finanças é obra dolorosa. Quem não tiver dólares americanos vive numa penúria absoluta. Os dez e doze zeros estão a regressar, com aquela voz melíflua com que sempre se apresentam os traidores: eu não vos disse que voltaria?
1 comentário:
O C fez-me sentir nostalgia do que já volta mas ainda permanece no nosso disco rígido ! Limonadas ! as que se bebiam e as que se imaginavam...
Beijos desta ex "jovem inocente" que Zigzagueou no Cruzeiro há uma boa trintena.
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