20 novembro 2008

Colecções

Nascer do sol ao largo
(para não fugir aos bons caminhos e à nostalgia que ultimamente têm aterrado por aqui)

Há quem goste de coleccionar selos, provavelmente a colecção mais maçadora (acho eu, neta de um avô que se entretinha manhãs e tardes em volta de selos – mas não uns selos quaisquer, apenas os do país dele -, desprezando os exemplares mais exóticos do resto do mundo). Há quem prefira coleccionar moedas. Carteiras de fósforos. Sapatos, como a Imelda. Cartazes de cinema. Bonecas. Dedais em miniatura. Porta-chaves. Chávenas de café, desde que sejam azuis. Ferros de engomar. Borboletas. E conheci um coleccionador de borboletas, que também se deliciava a procurar aumentar uma colecção de válvulas de telefonias antigas.

As colecções, definitivamente, não me fascinam (ao contrário de alguns coleccionadores que acabam por se revelar personagens curiosos).

Nem sequer me fascinam as colecções de livros (também não sei porque é que só falo aqui de livros, mas calhou. Desculparão os que gostarem de outros temas, que lerão com maior gosto os outros convidados deste blog). Mas também tenho de confessar que neste capítulo faço excepções. Não resisto, sobretudo, a três colecções: os guias de campo da norte-americana National Audubon Society, o meio milhar (!) de pequenos livros de referência da colecção Découvertes, da editora francesa Gallimard, e uma colecção que não é uma colecção - a revista trimestral Granta, da editora inglesa Penguin. Não têm capa dura, não são especialmente volumosos nem ficam bem nem mal na estante. Solitários, nem se repara neles. Os franceses cabem no bolso, os outros quase. A Granta leio de fio a pavio. Os outros nem por isso. Espreito, de vez em quando. Gosto de saber que estão ali, à mão, sempre que me apetecer ou precisar deles.

Experimentem.

Mónica Bello



1 comentário:

Anónimo disse...

Que saudade das colecções .... (solidarizo-me com a autora na não-adesão ao acordo ortográfico); lembro-me particularmente da colecção de selos de um tio-avô, que sofria de Parkinson mas que, milagrosamente, transferia os seus selos de um album para outro, com a ajuda de uma enorme pinça; a nós, crianças traquinas, que espreitávamos e esperávamos o momento em que o selo voaria pelos ares, parecia que a pinça tinha vida própria, pois via-mo-la descrever circulos e curvas no ar, antes aterrar com a sua carga, leve, no album seguinte.
Coisas de infância ... vá-se lá saber porque guardamos estas recordações ! Obrigada, Mónica, por este bocadinho.
MAF

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