10 outubro 2010

28º Domingo do Tempo Comum

Hoje é Domingo, e eu não esqueço a minha condição de católico.

Talvez erre na interpretação, mas gosto (também) de olhar para este texto e encontrar o conceito do milagre. Os leprosos eram os marginalizados, dez representa a totalidade. Todos eles foram curados, mas apenas um voltou atrás para agradecer.

Em 2001, ano de todos os anos, a questão do milagre pôs-se. Quando escrevi, com a Rita Jonet, o Deus pregou-me uma partida, retomei o tema. Hoje, passados quase 10 anos, sei bem da potencial conflitualidade interior do assunto: há um Deus que cura uns e não cura outros? Há um Deus com comportamentos diferentes, critérios diferentes - e que não entendemos, nem sequer aceitamos?

Dou a voz à Mariana do livro, que disse, melhor do que eu, o que me ia - e ainda vai - na alma. Só espero saber agradecer todos os pequenos milagres que me vão acontecendo todos os dias.


Os milagres existem, Inês? E como os caracterizamos? Um dicionário diria que milagre é um acontecimento contrário às leis estabelecidas da natureza e atribuído a uma causa sobrenatural. Mas diz também que é um acontecimento que espanta (e a origem latina da palavra vem desta expressão) ou maravilha. A vitória do Homem sobre uma doença que parece incurável é um milagre? A capacidade que nós temos de mudar a nossa vida e de a encaramos de outra forma também é? A predisposição que passamos a ter para ajudar os outros ou a consciência que adquirimos de que a nossa felicidade tem de ser em função do próximo é um acontecimento que maravilha? Fui beneficiária de um milagre? As perguntas ficam no ar mas as respostas, essas, estão todas no meu coração. E, ao não sentir dúvidas de quais são, sinto que Deus, à Sua maneira, pregou-me outra partida


JdB

EVANGELHO – Lc 17,11-19

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo,
indo Jesus a caminho de Jerusalém,
passava entre a Samaria e a Galileia.
Ao entrar numa povoação,
vieram ao seu encontro dez leprosos.
Conservando-se a distância, disseram em alta voz:
«Jesus, Mestre, tem compaixão de nós».
Ao vê-los, Jesus disse-lhes:
«Ide mostrar-vos aos sacerdotes».
E sucedeu que no caminho ficaram limpos da lepra.
Um deles, ao ver-se curado,
voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz,
e prostrou-se de rosto por terra aos pés de Jesus
para Lhe agradecer.
Era um samaritano.
Jesus, tomando a palavra, disse:
«Não foram dez que ficaram curados?
Onde estão os outros nove?
Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus
senão este estrangeiro?»
E disse ao homem:
«Levanta-te e segue o teu caminho;
a tua fé te salvou».

2 comentários:

arit netoj disse...

Querido João,
Obrigada pelas respostas que estão todas no seu coração, por me lembrar as partidas de Deus e os significados dos milagres.
É sempre bom vir aqui meditar o Evangelho.
Beijinhos

Anónimo disse...

Os maiores milagres, acho eu, JdB, sao as nossas mudancas de percepcao sobre a realidade, a vida. Evoluir, crescer, mudando a nossa percepcao sobre o que nos rodeia. No fundo, isto toda a gente acaba por ir fazendo porque a vida obriga-nos a isso. O grande truque, a pedra de toque, eh convencermo-nos, eh sentirmos, em cada fibra do nosso ser, que o Amor estah por detras de tudo e de todos. Quando conseguirmos compreender isto ao nivel emocional, e nao soh racional, tudo muda. Mil obrigadas pelas suas reflexoes. pcp

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