07 outubro 2014

Duas Últimas

Não sei, confesso, o que está por trás da música intitulada Misty. Não tive tempo para ir investigar na internet e ainda bem - talvez fosse uma história prosaica e desinteressante, retirando à bonita música uma certa aura derivado do nome que, traduzido, significa enevoado.

Lembro-me, a propósito, de uma história que me contaram e cuja veracidade não sei garantir. Talvez tenha um laivo de verdade, talvez seja completamente falsa, ou o seu oposto. Todos estarão lembrados de Povo Que Lavas no Rio, o poema de Pedro Homem de Mello imortalizado por Amália Rodrigues: Povo que lavas no rio / que talhas com o teu machado / as tábuas do meu caixão / Pode haver quem te defenda / quem compre o teu chão sagrado / mas a tua vida não. E etc. Ao que parece, o poeta ia de viagem em Trás-os-Montes. Por causa de uma tempestade, avaria de carro ou coisa quejanda, teve de se hospedar desconfortavelmente em casa de gente muito humilde, destas que mantêm os animais na parte debaixo da casa, onde os aromas são mais de lama do que de urze. Terá sido aí que nasceu o Povo que lavas no rio. A inspiração chega-nos por vias imperscrutáveis... 

Regresso a Misty, cuja história não sei, cuja letra não traduzi. Mas sei que gosto do Outono, dos dias que encurtam, das noites mais frias, de um certo enevoado das manhãs que, sei bem do que falo, desgraçam os ânimos de gente mais solarenga. Deixo-vos com duas versões de Misty. E não digam que vão daqui, não vá haver gente a querer bater-me.

I get misty, just holding your hand...

JdB

1 comentário:

Anónimo disse...


Agradeço JdB, este e todos os posts que nos colocam em interlocução connosco.

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