Fotografia de JMAC, o homem de Azeitão |
vi que a tua casa estava à venda, num destes baços domingos,
ao passar pela remax das avenidas do meu descontentamento.
vistas soberbas, bom gosto em todos os detalhes, nobreza
para quem aprecia as coisas boas da vida e um certo - muito - estilo.
por um momento, senti-me levemente tonto, sem perceber bem
se o anúncio de ocasião falava da tua casa ou de ti própria, rapariga.
de uma maneira ou de outra, posso afiançar que o léxico estava
bastante bem escolhido, como se essa tua casa agora à venda
fosse um exacto prolongamento do que és, com o desfile de elegantes
detalhes, mas com um rol de imperfeições que um olho mais atento
rapidamente descobrirá. não, não me queixo de ti nem da tua casa,
por despeito. eu, pessoalmente, aprecio muito a arquitectura minimalista.
já com corações em dó menor tenho mais problemas, admito.
afinal, de que vale ter vistas largas se se é feito de estuque barato?
segui viagem, à procura de casas de outro género e de mulheres
do mesmo género mas de outro tipo, mulheres cujos alicerces sirvam
para rematar poemas, sem este amargo fel que me arde na boca.
gi.
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