23 novembro 2011

Diário de uma astróloga – [13] – 23 de Novembro de 2011


A astrologia da crise – Parte 1 – Plutão em Capricórnio

Quando oiço os políticos e os banqueiros falar sobre a crise económica em que vivemos, sejam eles portugueses, europeus ou americanos, lastimo profundamente o desaparecimento dos astrólogos da corte. Isabel I de Inglaterra aconselhava-se com o astrólogo John Dee e teve um reinado longuíssimo e de muito sucesso.

Obama exprimiu publicamente um profundo desprezo pela astrologia e os outros senhores no poder, pela forma como actuam, calculo que sejam da mesma opinião.

É pena. Mark Twain disse “a historia não se repete, mas rima” e é justamente essa rima que é explicada pela astrologia através dos ciclos dos planetas lentos e dos ângulos que fazem entre si.  

Plutão tem uma órbita de 248 anos à volta do sol e por isso passa muitos tempo em cada signo. Durante o seu percurso por cada constelação, a essência do signo correspondente torna-se num agente transformador e tem um impacto no mundo que só pode avaliado em termos históricos, pois ultrapassa a duração da estadia. Define assim o zeitgeist duma geração.

Plutão na mitologia grega era Hades, o deus que governava o mundo subterrâneo, o mundo de onde só se escapa se houver ressureição ou renascimento. Era um deus poderoso e temível. Em astrologia, Plutão simboliza energias de completa transformação, energias intensas, extremas. É o símbolo que mais se identifica com “o poder”. É a fénix que renasce das cinzas mas, também, a purga que limpa totalmente um organismo. Em termos financeiros simboliza dívida e impostos.

Não é uma energia confortável, mas tem como objectivo revelar e remover o que está podre, o que está tóxico, o que já não tem utilidade, para permitir que surja qualquer coisa de saudável, íntegro, belo.

Assim, de 1958 a 1971 passou no signo de Virgem (ambiente), e Rachel Carson publica “Primavera Silenciosa” em 1962, onde denuncia os efeitos nocivos dos pesticidas e marca o princípio do movimento ecológico.

De 1983 a 1995 Plutão passa pelo signo de Escorpião (sexo) e, depois dos excessos do amor livre dos anos 60/70,  revela ao mundo a SIDA.

De 1996 a 2007 esteve no signo de Sagitário (religião organizada, “a verdade absoluta”) e assistimos às revelações sobre o comportamento de membros da Igreja e o mundo dominado por extremistas religiosos (ex Presidente Bush incluído).

Em 26 de Janeiro de 2008, Plutão entrou no signo de Capricórnio onde permanecerá até 2023.  Depois de um signo de fogo (Sagitário) onde o optimismo e o expansionismo imperam, Plutão foi para um signo de terra que, por definição, é uma realidade limitativa. Capricórnio em astrologia mundana simboliza autoridade, governos, sistemas financeiros, ambição, o desejo de manter o controle e o status quo. Apesar de ter entrado em Capricórnio no princípio do ano, a sua força fez-se realmente sentir, em termos astronómicos, a partir de 10 de Setembro de 2010. Lembro que o mundo acordou no dia 15 de Setembro com a notícia de que o banco Lehman Brothers tinha falido e, segundo o prémio Nobel da economia Paul Krugman, afinal “Debt is not what it seems”. A realidade de Plutão em Capricórnio a bater à porta com uma pontualidade impressionante, a mostrar que dívida é dívida, mesmo camuflada em CDS (credit default swaps) e o descalabro financeiro do mundo, os riscos inimagináveis que bancos, governos, multinacionais corriam e correm com a complacência e ignorância da população, continua a aparecer cada dia nas páginas dos jornais com impacto nossas vidas.

Outra maneira de perceber o conceito de rima do Mark Twain é ver o que aconteceu no mundo nas passagens anteriores de Plutão por Capricórnio.

Entre 1516 - 1532: consolidação das descobertas, novos impérios, culminando com a arrogância de dois países, Portugal e Espanha, que, através de Tratado de Zaragoza (1529), reafirmaram o meridiano de Tordesilhas, tendo a veleidade de dividir o mundo entre si, senhores do mundo.

Na última passagem de Plutão por Capricórnio de 1762 a 1778 os Ingleses, novos senhores do mundo, lançaram um imposto aos colonos de além Atlântico que deu origem à Declaração de Independência dos Estados Unidos da América.

E agora, quem são os novos senhores do mundo? A finança internacional. Para tirar dúvidas, basta olhar para o Shanghai World Financial Center (adeus Europa, adeus USA), inaugurado em Agosto de 2008 para se perceber o enorme poder dos impérios financeiros

Shanghai World Financial Center


Estão a ouvir a rima? E agora?
Governos e mundo da finança (Capricórnio) vão resistir o mais possível à transformação (Plutão). Vão querer consolidar o seu poder; cheios de medo de o perder, vão pintar cenários catastróficos se não forem obedecidos, e impor medidas restritivas e autoritárias. Vão mostrar a face da oligarquia.

A realidade de Capricórnio aponta para o facto de que vamos ter de equilibrar receitas com despesas. Temos de pagar, porque gastámos ou deixámos os nossos governos gastar dinheiro que não temos. Com Plutão em Capricórnio não há mais “manobras”, não há engenharias financeiras que durem, podem ser tentadas mas estão votadas ao insucesso – há a verdade nua e crua – gastamos o que não tínhamos e agora temos de viver com o que temos.

Como o fazer e quem vai pagar é uma questão de justiça social. E para a compreender preciso de falar sobre a outra força em movimento, Urano, o planeta da rebelião que mudou do signo mais pacífico, Peixe, para o signo mais aguerrido, Carneiro, em Maio de 2010. Mas esta parte da análise fica para a próxima.

Luiza Azancot, que além de astróloga possui um MBA em International Business


2 comentários:

Ana CC disse...

Caramba! O Pedro Castelo Branco vai gostar de ler.
Mais uma crónica fantástica e sabemos bem o que estas leituras da astrologia podem ajudar na tomada de decisão.
Infelizmente estamos na era da destruição, de repor a verdade e de deixar de viver do "supônhamos". Vai ser duro, acima de tudo porque criámos os filhos na abundância e facilitismo e vão ter sérias dificuldades em perceber como intervir e mudar o status quo.
Aguardo ansiosamente pela próxima 4ª feira.

Anónimo disse...

Os seus relatos são sempre fascinantes! Obrigada. pcp

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