A astrologia da crise – Parte 1 – Plutão em Capricórnio
Quando oiço os políticos
e os banqueiros falar sobre a crise económica em que vivemos, sejam eles
portugueses, europeus ou americanos, lastimo profundamente o desaparecimento
dos astrólogos da corte. Isabel I de Inglaterra aconselhava-se com o astrólogo John
Dee e teve um reinado longuíssimo e de muito sucesso.
Obama exprimiu
publicamente um profundo desprezo pela astrologia e os outros senhores no
poder, pela forma como actuam, calculo que sejam da mesma opinião.
É pena. Mark
Twain disse “a historia não se repete, mas rima” e é justamente essa rima que
é explicada pela astrologia através dos ciclos dos planetas lentos e dos ângulos
que fazem entre si.
Plutão tem uma
órbita de 248 anos à volta do sol e por isso passa muitos tempo em cada signo.
Durante o seu percurso por cada constelação, a essência do signo correspondente
torna-se num agente transformador e tem um impacto no mundo que só pode
avaliado em termos históricos, pois ultrapassa a duração da estadia. Define
assim o zeitgeist duma geração.
Plutão na
mitologia grega era Hades, o deus que governava o mundo subterrâneo, o mundo de
onde só se escapa se houver ressureição ou renascimento. Era um deus poderoso e
temível. Em astrologia, Plutão simboliza energias de completa transformação, energias
intensas, extremas. É o símbolo que mais se identifica com “o poder”. É a
fénix que renasce das cinzas mas, também, a purga que limpa totalmente um organismo.
Em termos financeiros simboliza dívida e impostos.
Não é uma energia
confortável, mas tem como objectivo revelar e remover o que está podre, o que
está tóxico, o que já não tem utilidade, para permitir que surja qualquer coisa
de saudável, íntegro, belo.
Assim, de 1958 a
1971 passou no signo de Virgem (ambiente), e Rachel Carson publica “Primavera
Silenciosa” em 1962, onde denuncia os efeitos nocivos dos pesticidas e marca o princípio
do movimento ecológico.
De 1983 a 1995 Plutão
passa pelo signo de Escorpião (sexo) e, depois dos excessos do amor livre dos
anos 60/70, revela ao mundo a SIDA.
De 1996 a 2007
esteve no signo de Sagitário (religião organizada, “a verdade absoluta”) e assistimos
às revelações sobre o comportamento de membros da Igreja e o mundo dominado por
extremistas religiosos (ex Presidente Bush incluído).
Em 26 de Janeiro
de 2008, Plutão entrou no signo de Capricórnio onde permanecerá até 2023. Depois de um signo de fogo (Sagitário) onde o optimismo e o expansionismo imperam, Plutão foi para um signo de terra que, por
definição, é uma realidade limitativa. Capricórnio
em astrologia mundana simboliza autoridade, governos, sistemas financeiros, ambição,
o desejo de manter o controle e o status quo.
Apesar de ter entrado em Capricórnio no princípio do ano, a sua força fez-se
realmente sentir, em termos astronómicos, a partir de 10 de Setembro de 2010.
Lembro que o mundo acordou no dia 15 de Setembro com a notícia de que o banco
Lehman Brothers tinha falido e, segundo o prémio Nobel da economia Paul Krugman, afinal “Debt is not what it seems”. A
realidade de Plutão em Capricórnio a bater à porta com uma pontualidade
impressionante, a mostrar que dívida é dívida, mesmo camuflada em CDS (credit
default swaps) e o descalabro financeiro do mundo, os riscos inimagináveis que
bancos, governos, multinacionais corriam e correm com a complacência e
ignorância da população, continua a aparecer cada dia nas páginas dos jornais
com impacto nossas vidas.
Outra maneira de
perceber o conceito de rima do Mark Twain é ver o que aconteceu no mundo nas passagens
anteriores de Plutão por Capricórnio.
Entre 1516 - 1532: consolidação das descobertas, novos impérios, culminando com a arrogância de
dois países, Portugal e Espanha, que, através de Tratado de Zaragoza (1529), reafirmaram o meridiano de Tordesilhas, tendo a veleidade de dividir o mundo
entre si, senhores do mundo.
Na última
passagem de Plutão por Capricórnio de 1762 a 1778 os Ingleses, novos senhores
do mundo, lançaram um imposto aos colonos de além Atlântico que deu origem à Declaração
de Independência dos Estados Unidos da América.
E agora, quem são
os novos senhores do mundo? A finança internacional. Para tirar dúvidas, basta
olhar para o Shanghai World Financial Center (adeus Europa, adeus USA), inaugurado em Agosto de 2008 para se perceber o enorme poder dos impérios
financeiros
Shanghai World
Financial Center
Estão a ouvir a rima? E agora?
Governos e mundo da finança (Capricórnio) vão resistir o mais possível à
transformação (Plutão). Vão querer consolidar o seu poder; cheios de medo de o
perder, vão pintar cenários catastróficos se não forem obedecidos, e impor
medidas restritivas e autoritárias. Vão mostrar a face da oligarquia.
A realidade de Capricórnio aponta para o facto de que vamos ter de equilibrar
receitas com despesas. Temos de pagar, porque gastámos ou deixámos os nossos
governos gastar dinheiro que não temos. Com Plutão em Capricórnio não há mais
“manobras”, não há engenharias financeiras que durem, podem ser tentadas mas
estão votadas ao insucesso – há a verdade nua e crua – gastamos o que não
tínhamos e agora temos de viver com o que temos.
Como o fazer e quem vai pagar é uma questão de justiça social. E para a
compreender preciso de falar sobre a outra força em movimento, Urano, o planeta
da rebelião que mudou do signo mais pacífico, Peixe, para o signo mais aguerrido,
Carneiro, em Maio de 2010. Mas esta parte da análise fica para a próxima.
Luiza Azancot, que além de astróloga possui um MBA em International
Business
2 comentários:
Caramba! O Pedro Castelo Branco vai gostar de ler.
Mais uma crónica fantástica e sabemos bem o que estas leituras da astrologia podem ajudar na tomada de decisão.
Infelizmente estamos na era da destruição, de repor a verdade e de deixar de viver do "supônhamos". Vai ser duro, acima de tudo porque criámos os filhos na abundância e facilitismo e vão ter sérias dificuldades em perceber como intervir e mudar o status quo.
Aguardo ansiosamente pela próxima 4ª feira.
Os seus relatos são sempre fascinantes! Obrigada. pcp
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