30 novembro 2011

Ponto de Vírgula

   Com efeito, Carlos pouco se demorou em Resende. E numa luminosa e macia manhã de Janeiro de 1887, os dois amigos, enfim juntos, almoçavam num salão do Hotel Bragança, com as duas janelas abertas para o rio.
   (...)
    - Estás magnífico! - afirmou Carlos. - Então outra coisa, vem cá jantar logo. Alencar, tu também, hem? Quero ouvir esses belos versos com sossego... Às seis, em ponto, sem falhar. Tenho um jantarinho à portuguesa que encomendei de manhã, com cozido, arroz de forno, grão-de-bico, etc., para matar as saudades...
    Alencar lançou um gesto de imenso desdém. Nunca o cozinheiro do Bragança, francelhote miserável, estaria à altura desses nobres petiscos do velho Portugal. Enfim, acabou-se. Seria pontual às seis, para uma grande saúde ao seu Carlos.

in Os Maias, de Eça de Queiroz


Cozido à Portuguesa

Ingredientes:

Carne de vaca, adequada para cozer;

meia galinha;
1 pé de porco, entrecosto, chispe;
presunto, chouriço, farinheira, salpicão;
toucinho salgado, bacon;
orelheira fresca e fumada;
couve portuguesa (penca) ou coração;
cenouras, batatas, nabos;
sal e azeite q.b.

Preparação:
  1. Comece por cozer todas as carnes numa panela grande. As carnes que forem mais salgadas devem ficar de molho préviamente umas horas e só depois se colocam a cozer.
  2. Regue a água da cozedura com um fio de azeite e tempere a gosto. Por ordem de cozedura mais rápida, vão-se tirando os enchidos, depois as carnes de porco, e só no fim é que se retira a carne de vaca depois de bem cozida.
  3. Aproveitando a mesma água de cozer as carnes, coloque os legumes. Quando estes estiverem cozidos, retire a panela do lume, deixando os legumes dentro.
  4. Para servir, corte as carnes, disponha numa travessa com os respectivos legumes. Pode acompanhar com feijão branco cozido, também cozido na água dos legumes, e arroz branco.

Nota: receita retirada da internet
MFM




2 comentários:

Ana CC disse...

Ui, que maravilha. É tão difícil fazer um bom cozido. Gostei imenso da ilustração. Um Bragança que se preze não pode ter um cozinheiro francelhote.

JdB disse...

Ler Eça de manhã, mesmo que seja só um excerto é um bálsamo, sobretudo porque se postou Luís Sepulveda há uma quinzena... Infelizmente - mas admito o meu erro - o Hotel Bragança não era aquele, talvez fosse para as bandas da Rua Vitor Cordon, um pouco mais acima. Mas fica a sua redenção, MFM! Eça e cozido à portuguesa perdoam qualquer falha política neste estabelecimento.

Acerca de mim

Arquivo do blogue