13 novembro 2011

33º Domingo do Tempo Comum

Hoje é Domingo, e eu não esqueço a minha condição de católico.

Durante um tempo da minha vida colaborei em cursos de preparação para o matrimónio, falando a noivos de várias idades e proveniências. Entre outras coisas dizia-lhes algo que me parecia importante (e que penso já ter referido neste espaço): o  mundo está cheio de advogados, médicos, engenheiros competentes. O que marca a diferença - não só, mas também, num ambiente profissional - é a forma como nos relacionamos com os outros, como tocamos a vida de quem está perto de nós, como dizemos que não a relações assentes na prepotência e no aproveitamento de fragilidades humanas.

Noutra dimensão, cada vez acredito mais que a inteligência não é uma virtude, mas que se torna virtude através da forma como a utilizamos em benefício do próximo. Todos nós nos recordaremos de políticos detentores de uma inteligência talvez acima da média, mas que arrastaram povos para o abismo, ou que defenderam posições radicalmente contra o que é de mais elementar em termos de respeito humano.

Todos nós teremos talentos próprios, dons com que nascemos e para os quais, para além do seu eventual desenvolvimento, pouco contribuímos. Tal como vem na parábola abaixo, nada do que temos nos pertence de facto. Tudo nos foi dado para por a render isto é, tudo nos foi dado para por ao serviço do próximo, para melhorar a vida de quem vive junto de nós ou que palmilha uma existência mais difícil.

Deus dá-nos talentos. Como agradecemos ou retribuímos esta dádiva? E de que maneira os pomos a render? Quem, na realidade, beneficia deles? Recebemos cinco e entregamos dez, ou escondemos o que nos foi entregue, numa atitude medrosa que não é mais do que o egoísmo de quem vive debruçado sobre si mesmo e se acobarda de mudar a vida em seu redor?

bom Domingo para todos,

JdB    



EVANGELHO – Mt 25,14-30
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus


Naquele tempo,
Disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola:
«Um homem, ao partir de viagem,
chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens.
A um entregou cinco talentos, a outro dois e a outro um,
conforme a capacidade de cada qual; e depois partiu.
O que tinha recebido cinco talentos
fê-los render e ganhou outros cinco.
Do mesmo modo,
o que recebera dois talentos ganhou outros dois.
Mas, o que recebera dois talentos ganhou outros dois.
Mas, o que recebera um só talento
foi escavar na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
Muito tempo depois, chegou o senhor daqueles servos
e foi ajustar contas com eles.
O que recebera cinco talentos aproximou-se
e apresentou outros cinco, dizendo:
‘Senhor, confiaste-me cinco talentos:
aqui estão outros cinco que eu ganhei’.
Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel.
Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes.
Vem tomar parte na alegria do teu senhor’.
Aproximou-se também o que recebera dois talentos e disse:
‘Senhor, confiaste-me dois talentos:
aqui estão outros dois que eu ganhei’.
Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel.
Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes.
Vem tomar parte na alegria do teu senhor’.
Aproximou-se também o que recebera um só talento e disse:
‘Senhor, eu sabia que és um homem severo,
que colhes onde não semeaste e recolhes onde nada lançaste.
Por isso, tive medo e escondi o teu talento na terra.
Aqui tens o que te pertence’.
O senhor respondeu-lhe: ‘Servo mau e preguiçoso,
sabias que ceifo onde não semeei e recolho onde nada lancei;
devias, portanto, depositar no banco o meu dinheiro
e eu teria, ao voltar, recebido com juro o que era meu.
Tirai-lhe então o talento e dai-o àquele que tem dez.
Porque, a todo aquele que tem,
dar-se-á mais e terá em abundância;
mas, àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado.
Quanto ao servo inútil, lançai-o às trevas exteriores.
Aí haverá choro e ranger de dentes’».

2 comentários:

Anónimo disse...

João,
Belo comentário.
Abr
fq

Anónimo disse...

Gostei muito do seu comentário. Obrigada, JdB. pcp

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