18 novembro 2014

esta vida

the hidden, fotografia de JMAC, o homem de Azeitão

de maneira que é assim
e assim também está bem,
não podendo estar melhor
que é e não é
um degrau acima,
antes uma forma de dizer
o que se quer
mas que não se consegue
dizer.

a poesia 
é essa linguagem
de geometria variável
ao estar aí e aqui e ali
entre nós e dentro de nós
sem respeito por pontos cardeais
geometrias civis, coisas assim.

a poesia 
está além e para além,
dentro e fora, 
do avesso e no seu reverso,
antes de muito depois,
por cima e por debaixo,
na minha pele
e no céu da tua boca.

a poesia 
são pássaros vindos de ontem
são pássaros vindos de amanhã 
pássaros a falar 
que ninguém ouve
mas que alguns de nós
escutamos,
e éramos capazes de jurar
sobre a memória mais sagrada
que essa língua íntima e crepuscular
existe
existe
existe.

pelo menos, 
tanto quanto tu e eu
existimos, aqui e agora.

ou seja: para sempre.


gi.

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