17 novembro 2014

Vai um gin do Peter’s?

Este é o último gin da série de exemplares interessantes do património português mais desconhecido e meio abandonado, espalhado pelo país nos lugares mais remotos e românticos:

PALÁCIO DE MIDÕES – Tábua


Este edifício brasonado domina a zona central da freguesia de Midões, no concelho da Tábua. As suas linhas clássicas e equilibradas incluem estatuetas na bordadura de pedra do remate superior da casa. A frontaria é especialmente bonita, na sua simplicidade, bem ao jeito do tipo de construção portuguesa, que um alemão estudioso da nossa arquitectura apelidava de «chã», pela enorme sobriedade e subtileza.  


A data de construção é desconhecida, sendo mais um dos exemplares em decomposição, com zonas do chão já a ceder.

CASTELO DA DONA CHICA – Braga


Começou a ser construído há 100 anos, por ordem de Francisca Peixoto de Sousa. As obras arrastaram-se por décadas. Depois de terminado, o pequeno castelo conheceu inúmeros proprietários, até ficar abandonado.
 
PALACETE VILLA SOUSA – Lisboa


Situada no Lumiar, tem assinatura do arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior Mandado. Em 1912 foi distinguido com o Prémio Valmor. Pertencente a José Carreira de Sousa, actualmente apenas mantém a fachada principal e algumas paredes laterais.

Forte de Nossa Senhora da Graça – Alcáçova


Imagens do site: ruinarte.blogspot.pt/

O Forte de Nossa Senhora da Graça é oficialmente designado por Forte Conde de Lippe (Alcáçova). Localizado na cidade fronteiriça de Elvas, complementava a defesa daquela Praça-forte.
Sobreviveu a várias guerras e chegou a ser utilizado como prisão militar. Em Junho de 2013, foi cedido à Câmara de Elvas para ser restaurado.

BAIRRO SOCIAL – Vila Nova de Gaia

Imagem publicada no site: www.geopt.org

Na freguesia de Crestuma, em Vila Nova de Gaia, existiram, nos séc. XIX e XX, numerosas fábricas de tecidos e de papel. Este bairro operário corresponde à unidade fabril da Companhia de Fiação de Crestuma, hoje desactivada. O enquadramento paisagístico é soberbo, situado junto a um arvoredo frondoso. 

QUINTA DO PARREIRA – Santiago de Riba-Ul, Oliveira de Azeméis

Imagens do site: ruinarte.blogspot.pt/


A «Casa do Professor», ou a «Quinta do Parreira», foi buscar os vários nomes aos antigos proprietários. Com uma fachada revestida a azulejos e interiores profusamente trabalhados, a casa está organizada em volta da escadaria central, encimada por uma pequena abóboda e fazendo um efeito de mezzanine para o andar onde ficam os quartos. Lembra as mansões dos Estados do Sul dos E.U.A., que geriam plantações gigantescas de algodão, em pleno século XIX (até à Guerra da Secessão). 
Ostensiva na acumulação de efeitos arquitectónicos, os estuques rendilhados do tecto, as pinturas murais ao longo dos salões e toda a panóplia de ornamentos peca pelo excesso, amaneirado e teatral. Os estuques em estilo arte-nova, com figuras mitológicas, são o elemento de maior valor artístico da casa.


O primeiro proprietário terá sido um médico da região – um Dr.Aguiar, conhecido por ajudar os mais carenciados, oferecendo-lhes emprego nas suas propriedades da região do Porto e na quinta de Riba Ul.
No primeiro quartel do século XX, foi vendida ao empresário Domingos Parreira, que também conquistou simpatias por ter arranjado trabalho aos locais, na extracção de volfrâmio. Quando morreu, a quinta entrou num processo conturbado de partilhas, degradando-se rapidamente.

PALACETE ROSA PENA – Espinho

Imagem do site: www.cacadevolutos.pt/    

A dimensão deste edifício não deixa ninguém indiferente. Ocupa um quarteirão inteiro da cidade de Espinho, salientando-se pelo trabalho de cantaria nas janelas e a azulejaria nos frisos e em múltiplos painéis.
Datado de 1930, terá sido projectado pelo Eng. José Alves Pereira da Silva, casado com Rosa Pena da Silva. Apesar destes não serem os verdadeiros donos do palacete, acabou por ficar conhecido por «Rosa Pena», quando o nome oficial é apenas «Palacete dos Pena».

Maria Zarco

(a  preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)

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