O regresso, de Bernhard Schlink
Da badana:
A viver com a mãe na Alemanha do pós-guerra, o pequeno Peter passa as férias de Verão em casa dos avós, na Suíça. Responsáveis pela edição de uma colecção de livros, os avós dão ao neto o papel usado nas provas, em cujo verso ele pode escrever mas cujas histórias está proibido de ler. Um dia, Peter desobedece e descobre o relato de um prisioneiro de guerra alemão que, após ter enfrentado inúmeros perigos para fugir aos seus captores e regressar a casa, descobre que, durante a sua ausência, a mulher constituíra uma nova família. Mas Peter já tinha usado as páginas finais para fazer os trabalhos de casa e fica sem saber como termina a aventura. Anos depois, já adulto, decide procurar as páginas desaparecidas; uma busca que se altera por completo quando descobre que o seu pai, um soldado alemão que ele sempre acreditou ter morrido na guerra, pode ainda estar vivo. Sob o encantamento da sua própria história de amor, e à medida que começa a deslindar o mistério do desaparecimento do pai, Peter vê-se obrigado a questionar a sua própria identidade e a enfrentar o facto de a realidade ser, por vezes, um reflexo das expectativas dos outros.
Do interior:
Não castigamos o assassino por este extinguir a vida de um ser humano sem o seu consentimento. Por que razão o faríamos? Castigamos a perfídia e a crueldade com a qual ele cometeu o crime, ou seja, a desilusão e a dor que ele infligiu à vítima antes de esta morrer. Então porque punimos o assassinato no seu estado mais puro? Não é por causa da vítima, mas por causa dos outros. Por causa da mulher que perdeu o marido, da criança que perdeu o pai, do amigo que perdeu o amigo. Por causa de todos os que confiavam na vítima e a perderam. Por causa da ordem do mundo, de que necessitamos e na qual confiamos; e esta implica que haja um tempo natural para viver e para morrer.
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