A tão pedida "Cimeira Histórica da Zona Euro" aconteceu na passada Quinta-feira, e deliberou um novo modelo de ajuda à economia grega e, como pretendida consequência, uma blindagem da moeda única. Durante vários dias, antes e depois do conclave dos lideres europeus, a comunicação social foi invadida pelos habituais opinion makers especializados em questões que tenham que ver com União Europeia. As opiniões foram abundantes, e obviamente que não houve tempo nem capacidade para absorver todas as entrevistas na televisão, comentários na rádio, artigos nos jornais e os posts nos blogs. Contudo, vou destacar os mais relevantes.
Em entrevista ao Jornal de Negócios no dia 19 de Julho, o eurodeputado eleito pelo PSD, Paulo Rangel, adepto do federalismo europeu desde há vários anos, prevê uma catástrofe se a desintegração europeia alguma vez for realidade. Rangel afirma que a Europa sempre foi palco de terríveis e sangrentas guerras entre os diversos impérios e Estados que a compõem. O eurodeputado não vê razão para considerar que a população actual seja diferente das anteriores, e avisa que o belicismo será uma consequência no caso de a UE acabar.
O director da representação permanente do Parlamento Europeu em Lisboa, Paulo Sande, num artigo publicado no jornal Público no dia 20 de Julho, faz menção aos antepassados europeus (Dante, George Podiebrad e Pio II) para justificar uma acção pró-integração no presente. Sande considera que o problema é muito mais político do que técnico. Faz referência à inabilidade dos lideres dos Estados-membros em convencerem os eleitorados que o Modelo Social Europeu tem que ser, forçosamente, revisto. Vivemos o apogeu do fenómeno da globalização e a Europa já não dispõe da capacidade de dominar e controlar, a par dos EUA, os destinos do mundo.
O Economista e professor do ISEG João Ferreira do Amaral prossegue a sua cruzada pela saída de Portugal do Euro. Parece que com isso o país passaria a dispor dos instrumentos necessários para dinamizar a economia. Refere-se à possibilidade de desvalorização da moeda como facilitador das exportações. No entanto, esquece-se de um pormenor relevante: cerca de 2/3 das nossas exportações são para países do eurogrupo, sendo com isso perfeitamente indiferente a cotação de mercado do Euro. Parece que Ferreira do Amaral é o novo catastrofista do regime. Mas, como aparece em conferências promovidas pelo recém eleito Secretário-geral do Partido Socialista, isso não tem mal algum. Ai se fosse Medina Carreira! Caía o Carmo e a Trindade! Como se dizia em França no Maio de 68, mais vale estar errado com Sarte do que ter razão com Arons.
Pedro Castelo Branco
Sem comentários:
Enviar um comentário