13 dezembro 2025

Pensamentos Impensados

O Kama Sutra, se estiver em formato de "livre de poche" passa a ser "livro deboche"?

De uma pessoa que caia 10 vezes se diz que está em decadência.

Tenho espondilose, artrose, exostose e escoliose; serei o feiticeiro de ose?

O milho roxo é um cereal killer?

SdB (I)

11 dezembro 2025

Poemas dos dias que correm

 A Festa do Silêncio 

Escuto na palavra a festa do silêncio.
Tudo está no seu sítio. As aparências apagaram-se.
As coisas vacilam tão próximas de si mesmas.
Concentram-se, dilatam-se as ondas silenciosas.
É o vazio ou o cimo? É um pomar de espuma.

Uma criança brinca nas dunas, o tempo acaricia,
o ar prolonga. A brancura é o caminho.
Surpresa e não surpresa: a simples respiração.
Relações, variações, nada mais. Nada se cria.
Vamos e vimos. Algo inunda, incendeia, recomeça.

Nada é inacessível no silêncio ou no poema.
É aqui a abóbada transparente, o vento principia.
No centro do dia há uma fonte de água clara.
Se digo árvore a árvore em mim respira.
Vivo na delícia nua da inocência aberta.

António Ramos Rosa, in "Volante Verde"

10 dezembro 2025

Das perguntas sem resposta *

Forte de Sto. António, Estoril (Novembro de 2025)

E tu? Ao menos sabes do que eu preciso? Estirado num sofá, na modorra de um sábado de tarde, ouvi esta pergunta da boca de um artista de tardes de cinema. A frase é vulgar nos diálogos afectivos. A expressão "ao menos" confere-lhe uma certa dimensão de agressividade, como se o outro não soubesse porque não quer, porque não se interessa, porque não se debruça o suficiente sobre o tema em apreço que não é mais, afinal, do que as necessidades de um mortal.

Sobre E tu? Ao menos sabes do que eu preciso? recaem sempre dois olhares distintos, convergentes e divergentes em proporções incertas: quem a profere e quem a ouve; quem pergunta e quem tem o dever de responder, sendo que sim ou não são inelegíveis para resposta. É preciso mais. Por vezes ambos os interlocutores estão de acordo: sim, sei o que precisas, sendo que o rol de necessidades está certo, foi correctamente identificado. Está dado o primeiro passo, já só falta quase tudo: o suprimento das necessidades.  

A fronteira entre aquilo que alguém precisa e aquilo que outro alguém está disposto a dar pode ser incomensurável. Por vezes - e é sobre isto que me debruço agora - o fosso está entre aquilo que alguém precisa e aquilo que alguém diz que precisa: eu preciso de atenção versus precisas de te descentrar; ou preciso de tempo versus precisas de organização. Onde está a razão? As necessidades, só porque proferidas pelo próprio, estão forçosamente correctas? As necessidades do outro, só porque vistas com uma certa distância, estão forçosamente correctas? Todos nós (enfim, muitos de nós...) temos fragilidades, debilidades, necessidades. Todos nós queremos que os outros as eliminem, as compensem, as resolvam. Como? Da forma que nós entendemos melhor, o que nem sempre corresponde à forma que é a melhor...  

A expressão E tu? Ao menos sabes do que eu preciso?, é uma pergunta apontada ao cerne de uma relação afectiva qualquer. Temos de estar preparados para tudo: para que o outro não saiba; para que nós próprios não saibamos exactamente; para que o outro não consiga dar-nos o que queremos, ou que tenha uma ideia diferente - e quantas vezes mais correcta - daquilo que nós próprios precisamos. 

A pergunta pode ser difícil. Estirado num sofá, na modorra de um sábado de tarde, ouvi-a da boca de um artista de tardes de cinema. Havia uma certa neblina no ar, a lareira ardia mansamente, não se ouviam mais ruídos do que o da lenha a arder, ou dos pássaros no ar perseguidos por um cão geneticamente preparado para a humidade e para o nevoeiro. Já não ouvi a resposta, confesso.

JdB

* texto publicado originalmente a 26 de Janeiro de 2016

09 dezembro 2025

Em memória de Anita Guerreiro (1936 - 2025)



Sou tua

Reneguei tuas promessas
E juras de amor ardente
Até com certo rancor
Disse-te assim, não sou dessas
Que se embalam cegamente
Em juramentos de amor
Meu Deus, como a boca mente
Pois se te amo loucamente
Eu digo seja a quem fôr

Sou tua... como o luar é da lua
Como as pedras são da rua, e p'ra ser tua nasci
Sou tua... tão tua que me convenço
Que já nem a mim pertenço, que sou um pouco de ti
Sou tua... deixa-me gritar ao vento
P'ra que o vento num lamento, diga ao mar, á terra, ao céu
Sou tua... e deixa que os olhos meus
Só vejam p'ra ver os teus, embora não sejas meu

Às vezes sinto desejo
De ofender-te, embora iluda
Meu coração a sofrer
Mas fico, quando te vejo
Tão pequenina, tão muda
Com tanto p'ra te dizer
É então que a minha boca
Porta voz desta alma louca
Murmura quase sem querer

08 dezembro 2025

Solenidade da Imaculada Conceição

 EVANGELHO - Lc 1, 26-38

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo,
o Anjo Gabriel foi enviado por Deus
a uma cidade da Galileia chamada Nazaré,
a uma Virgem desposada com um homem chamado José.
O nome da Virgem era Maria.
Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo:
«Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo».
Ela ficou perturbada com estas palavras
e pensava que saudação seria aquela.
Disse-lhe o Anjo:
«Não temas, Maria,
porque encontraste graça diante de Deus.
Conceberás e darás à luz um Filho,
a quem porás o nome de Jesus.
Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo.
O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David;
reinará eternamente sobre a casa de Jacob
e o seu reinado não terá fim».
Maria disse ao Anjo:
«Como será isto, se eu não conheço homem?».
O Anjo respondeu-lhe:
«O Espírito Santo virá sobre ti
e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra.
Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus.
E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice
e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril;
porque a Deus nada é impossível».
Maria disse então:
«Eis a escrava do Senhor;
faça-se em mim segundo a tua palavra».

07 dezembro 2025

II Domingo do Advento

EVANGELHO – Mateus 3, 1-12

Naqueles dias,
apareceu João Baptista a pregar no deserto da Judeia, dizendo:
«Arrependei-vos, porque está perto o reino dos Céus».
Foi dele que o profeta Isaías falou, ao dizer:
«Uma voz clama no deserto:
‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas’».
João tinha uma veste tecida com pelos de camelo
e uma cintura de cabedal à volta dos rins.
O seu alimento eram gafanhotos e mel silvestre.
Acorria a ele gente de Jerusalém,
de toda a Judeia e de toda a região do Jordão;
e eram batizados por ele no rio Jordão,
confessando os seus pecados.
Ao ver muitos fariseus e saduceus que vinham ao seu batismo,
disse-lhes:
«Raça de víboras,
quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir?
Praticai ações
que se conformem ao arrependimento que manifestais.
Não penseis que basta dizer:
‘Abraão é o nosso pai’,
porque eu vos digo:
Deus pode suscitar, destas pedras, filhos de Abraão.
O machado já está posto à raiz das árvores.
Por isso, toda a árvore que não dá fruto
será cortada e lançada ao fogo.
Eu batizo-vos com água,
para vos levar ao arrependimento.
Mas Aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu
e não sou digno de levar as suas sandálias.
Ele batizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo.
Tem a pá na sua mão:
há de limpar a eira e recolher o trigo no celeiro.
Mas a palha, queimá-la-á num fogo que não se apaga».

06 dezembro 2025

Pensamentos Impensados

 Os portugueses deixam tudo para a última hora; eu, para não fugir à regra, vou deixar a minha morte para os últimos momentos.

Os micróbios têm doenças?

Fez operação à garganta e o médico só lhe tirou uma amígdala; quis saber a razão e o médico só lhe disse: amígdala não empata amígdala.

As pessoas que fazem parte do "jet set" são, de uma maneira geral, profundamente superficiais.

SdB (I)


05 dezembro 2025

Pensamentos dos dias que correm

 303 – Todas as épocas têm uma palavra que resume e centraliza o que nela mais significa. Nós não temos nenhuma a não ser em negativo. Talvez «desagregação». Porque tudo o que é visível e sensível só diz não a tudo. O nosso vocabulário reduziu-se porque muitos vocábulos deixaram de servir. Amor, decoro, honestidade, honradez, seriedade, fidelidade, recato, decência. Opostamente, os vocábulos mais obscenos deixaram de ferir os ouvidos mais delicados. E não apenas os que se soltam em situações agressivas, mas mesmo em conversas normais e até em títulos de livros como um romance. O que é curioso é que nesses restos de reserva ou pudicícia não se dizem em voz alta esses títulos expostos numa livraria. Assim, se alguém os quer comprar não os pede pelo nome mas por outras formas de o referir como por exemplo apontando-os com o dedo ou apresentando-os simplesmente nas livrarias para o pagamento. Sempre existiram os palavrões, mas não expostos à publicidade e sim lidos com recato. Mas hoje vale tudo porque nada vale nada. incluindo a própria vida que tosos os dias se assassina numa vulgar bulha de facas. E não são precisas razões, que dão trabalho a descobrir ou seja a inventar. Basta faca.  

vergílio ferreira
escrever
edição de helder godinho
bertrand editora
2001

03 dezembro 2025

Vai um gin do Peter’s ?

 LUGARES ANTIGOS, AINDA ACTUAIS

Numa escolha de destinos difíceis, Leão XIV manteve-se fiel à viagem traçada pelo Papa Francisco, para visitar locais importantes dos primeiros tempos do cristianismo, hoje habitados por grupos étnicos variados e confissões religiosas diversas. 

Na Turquia orgulhosamente otomana e maioritariamente muçulmana, impressionaram as multidões que aclamaram o Papa nas ruas e nas principais celebrações, para além do bom acolhimento dispensado pelas autoridades turcas, começando pelo Presidente Erdogan. A amizade dos Papas mais recentes com o Patriarca Bartolomeu, de Constantinopla (ortodoxo), mantém-se com Leão XIV, acrescentando calor e sintonia à visita papal a um país pouco aberto aos cristãos. 

Impressionou Erdogan com a saudação à chegada ao aeroporto, num turco perfeito. 

A Turquia encheu-se de mensagens de boas-vindas ao Papa, na língua local.

Com o Patriarca Bartolomeu de Constantinopla.

As coincidências históricas também marcaram a viagem. Por exemplo, no lugar onde decorrera, há 1700 anos, o Concílio de Niceia (hoje submerso), voltaram a estar reunidos os 5 Patriarcas que havia à época: de Constantinopla, de Jerusalém, de Roma (o Sumo Pontífice), de Alexandria e de Antioquia.

No segundo destino – o Líbano, que já fora considerado a ‘Suíça do Oriente’ devido à pujança económica e à beleza natural – multiplicaram-se os episódios tocantes, começando pela visita ao Hospital da Cruz, perto de Beirute, onde são acolhidos doentes psiquiátricos pobres e problemáticos, de qualquer confissão religiosa. Explicou o Papa que quis visitar aquele lugar, porque Jesus morava ali. Continuou: «Dear brothers and sisters who are burdened by illness, I would like to remind you that you are close to the heart of God our Father. He holds you in the palm of his hand; he accompanies you with love; and he offers you his tenderness through the hands and smiles of those who care for you. (…)  What is lived in this place stands as a clear reminder to all — to your country, but also to the whole human family. We cannot forget those who are most fragile.  We cannot conceive of a society that races ahead at full speed clinging to the false myths of wellbeing, while at the same time ignoring so many situations of poverty and vulnerability.  Particularly as Christians, as the Church of the Lord Jesus, we are called to care for the poor.  The Gospel itself asks this of us, and we must not forget that the cry of the poor, echoed throughout Scripture, challenges us.»  

Comovida e extenuada, a Superiora da Congregação responsável pela gestão do hospital contou ao Papa as enormes carências com que se debatem, sem conseguir conter as lágrimas: «Our mission is a daily miracle, as those who have experienced it can attest. How has a humble institution, devoid of all resources, been able to remain steadfast in the face of the horrors of explosions, famine, epidemics, and the collapse of state institutions?»

O programa incluiu a visita a locais especialmente massacrados por desastres e pela guerra. A pobreza causada pela turbulência política e pela grave económica tem sido agravada pela sangria humana, com a emigração de muitos, sobretudo dos mais novos e promissores, sobretudo dos cristãos. A esses, Leão XIV lançou-lhes o desafio:  «There are times when it is easier to flee, or simply more convenient to move elsewhere. It takes real courage and foresight to stay or return to one’s own country, and to consider even somewhat difficult situations worthy of love and dedication».  De facto, vários dos emigrados regressaram ao Líbano para receber o Papa. Um dos casos noticiados foi o do engenheiro surfista – Jeff, de 37 anos – que se mudara para a Austrália, após a misteriosa e mortífera explosão num armazém do porto de Beirute, em 2020. Trabalhava nas proximidades e só fora poupado, porque se ausentara temporariamente. Quando voltou, já só viu escombros e os restos dos amigos calcinados. De novo em Beirute, Jeff põe a hipótese de se reinstalar na sua cidade natal, para ajudar a reconstruir o seu país.

Antes de rumar ao Vaticano, Leão XIV pediu aos libaneses coragem para voltarem a ser o expoente do ecumenismo, na senda da definição poética do Papa João Paulo II: o Líbano é mais do que um país, é uma mensagem! Concluiu a sua primeira Visita Apostólica pedindo: «Escolham a paz como caminho e não apenas como meta». Noutros momentos, convidou turcos e libaneses a: «Let us learn to work together and hope together, so that this may become a reality. (…) We hope to involve the entire Middle East in this spirit of fraternity and commitment to peace, including those who currently consider themselves enemies» [citado na língua das publicações consultadas].

Por cortesia do autor, segue um relato muito vívido das celebrações na antiga Niceia, curiosamente, com o foco em duas grandes Senhoras: 

«POR BAIXO DE ÁGUA 

Leão XIV foi a Niceia celebrar o Concílio que restabeleceu a unidade, 
ameaçada pela heresia ariana. Como todas as heresias, 
o arianismo queria «racionalizar» a fé: rejeitava 
o mistério da Santíssima Trindade tal como Deus 
no-lo revelou, interpretando-o, para ficar mais simples. 

Encontro ecuménico de oração, na margem do lago İznik.

A viagem do Papa Leão XIV à Turquia e ao Líbano (27 de novembro a 2 de Dezembro) comemora o primeiro concílio ecuménico, realizado em Niceia, há 1700 anos (ano 325). As perseguições tinham acabado oficialmente uma dúzia de anos antes, ao fim de três séculos intensos, e por isso a Igreja pôde reunir-se novamente, como não acontecia desde o Concílio de Jerusalém, no tempo dos apóstolos. Participaram no I Concílio de Niceia 318 bispos, quase todos do Médio Oriente, do Norte de África e da Grécia. Parece que apenas cinco eram ocidentais. O Papa Silvestre foi representado pelo Bispo Ósio de Córdova e enviou dois presbíteros romanos.

Foi o Imperador quem convocou a assembleia e decidiu o lugar, como escreveu numa carta aos bispos de todo o mundo: «(…) combinou-se inicialmente que o sínodo dos bispos se realizaria em Ancara, na Galácia, mas pareceu-nos agora, por muitas razões, que seria melhor que se reunisse na cidade de Niceia, na Bitínia: tanto por causa dos bispos que vierem de Itália e de outras partes da Europa, como por causa do bom clima, e porque eu serei de perto um observador e participante nas coisas que estão prestes a acontecer».

A mudança justificava-se porque Niceia se situa a poucos quilómetros do Mediterrâneo e Ancara fica num planalto no meio da actual Turquia. O sínodo decorreu realmente sob a presidência do Imperador, no seu palácio de Niceia. Como essa parte da cidade foi submersa pelas águas do lago İznik, o Papa Leão XIV e os patriarcas presentes comemoraram o concílio da margem do lago.

Helena, Mãe do Imperador Constantino, esteve presente? Era uma mulher absolutamente extraordinária. Tinha então cerca de 80 anos, mas uma inteligência invulgar e uma vitalidade inesgotável. Um ano depois do Concílio de Niceia começou a sua viagem mais famosa, uma peregrinação à Terra Santa, onde promoveu obras imponentes que perduram até hoje. De origem humilde, Helena foi primeiro notada pela sua beleza e depois pela generosidade, pela capacidade de liderança e pela piedade. Constantino admirava profundamente a sua mãe, que a Igreja ainda hoje celebra como Santa Helena. Talvez Santa Helena tenha acompanhado o concílio, presidido pelo filho.

O objectivo do Concílio de Niceia foi restabelecer a unidade dos cristãos, ameaçada pela heresia ariana. Como todas as heresias, o arianismo era uma tentativa de «racionalizar» a fé da Igreja: em vez de aceitar o mistério da Santíssima Trindade tal como Deus no-lo revelou, interpretava-o, para ficar mais simples. Em vez de um só Deus em três Pessoas distintas (Pai, Filho e Espírito Santo), haveria só Deus-Pai e Jesus seria uma criatura intermédia entre Deus e os homens, não a segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

A poucos dias de partir para a peregrinação apostólica à Turquia e ao Líbano, o Papa Leão XIV resumiu na Carta apostólica «In unitate fidei» (na unidade da fé) a história e o conteúdo doutrinal deste concílio: uma carta breve, de leitura imprescindível para qualquer cristão.

A Constituição «Lumen gentium» do Concílio Vaticano II refere que os cristãos «(…) levantam os olhos para Maria, que brilha como modelo de virtudes» e acrescenta que «a Igreja, meditando piedosamente na Virgem, e contemplando-a à luz do Verbo feito homem, penetra mais profundamente, cheia de respeito, no insondável mistério da Encarnação (…). Pois Maria, entrou intimamente na história da salvação, e, por assim dizer, reúne em si e reflecte os imperativos mais altos da nossa fé (…)».

Com efeito, a história dos concílios mostra que muitos problemas se esclareceram definitivamente quando se considerou a sua relação com Nossa Senhora, «que entrou intimamente na história da salvação e reúne em si e reflecte» os grandes temas. Por exemplo, ao Concílio I de Niceia sucedeu o Concílio I de Constantinopla, até que no Concílio de Éfeso, no ano 431, foi definido que Maria era verdadeiramente Mãe de Deus. Finalmente, os hereges compreenderam que Jesus não é uma criatura que começou a existir no momento da concepção, mas é verdadeiramente Deus que assumiu a natureza humana, sem deixar de ser Deus.

O Papa Leão XIV confia que o amor a Nossa Senhora seja também hoje o caminho para a unidade da fé. A «Lumen gentium» do Vaticano II termina com estas palavras: «Dirijam todos os fiéis instantes súplicas à Mãe de Deus e mãe dos homens, para que (…), também agora (…) ela interceda, junto de seu Filho (…) até que todos os povos (…) se reúnam felizmente, em paz e harmonia, no único Povo de Deus, para glória da santíssima e indivisa Trindade».

De José Maria C.S. André, publicado a 30.NOV.2025, 
em jornais anglo-portugueses e no 
blog https://apontamento15.wordpress.com/
Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)

01 dezembro 2025

Dia da Restauração da Independência

 

Aclamação de D. João IV no Terreiro do Paço a 15 de Dezembro de 1640.
Pintura de Veloso Salgado, 1908, no Museu Militar de Lisboa.

Hino (original) da Restauração * 

Lusitanos, é chegado
O dia da redempção
Caem do pulso as algemas
Ressurge livre a nação

O Deus de Affonso, em Ourique
Dos livres nos deu a lei:
Nossos braços a sustentem
Pela pátria, pelo rei

Às armas, às armas
O ferro empunhar;
A pátria nos chama
Convida a lidar.

Excelsa Casa, Bragança
Remiu captiva nação;
Pois nos trouxe a liberdade
Devemos-lhe o coração.

Bragança diz hoje ao povo:
“Sempre, sempre te amarei”
O povo diz a Bragança
“Sempre fiel te serei”

Às armas, às armas
etc, etc…

Esta c’roa portugueza
Que por Deus te foi doada
Foi por mão de valerosos
De mil jóias engastada.
Este sceptro que hoje empunhas,
É do mundo respeitado,
Porque em ambos hemisférios
Tem mil povos dominado!

Às armas, às armas
etc, etc…

Nunca pode ser subjeita
Esta nação valerosa,
Que do Tejo até ao Ganges
Tem a história tão famosa.

Ama-a pois, qual o merece;
Ama-a, sim, nosso bom rei
Dos inimigos a defende,
Escuda-a na paz, e lei.

Às armas, às armas
etc, etc…

Ai! Se houver quem já se atreva
Contra os lusos a tentar,
O valor de um povo heróico
Hade os ímpios debellar.

Viva a Pátria, a liberdade,
Viva o regime da lei,
A família real viva,
Viva, viva o nosso rei.

Às armas, às armas
etc, etc…

30 novembro 2025

I Domingo do Advento

 EVANGELHO – Mateus 24, 37-44

Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Como aconteceu nos dias de Noé,
assim sucederá na vinda do Filho do homem.
Nos dias que precederam o dilúvio,
comiam e bebiam, casavam e davam em casamento,
até ao dia em que Noé entrou na arca;
e não deram por nada,
até que veio o dilúvio, que a todos levou.
Assim será também na vinda do Filho do homem.
Então, de dois que estiverem no campo,
um será tomado e outro deixado;
de duas mulheres que estiverem a moer com a mó,
uma será tomada e outra deixada.
Portanto, vigiai,
porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.
Compreendei isto:
se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão,
estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa.
Por isso, estai vós também preparados,
porque na hora em que menos pensais,
virá o Filho do homem.

29 novembro 2025

Pensamentos Impensados

Um organista é um anarquista organizado.

A temperança é um condimento ou um condicionamento?

Atendendo a que o Conde de Andeiro foi morto na flor da idade poderá dizer-se que foi desflorado?

O santo protector das ovelhas é o Santo mééééé.

SdB(I)


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