30 abril 2023

IV Domingo da Páscoa

EVANGELHO - Jo 10,1-10

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, disse Jesus:
«Em verdade, em verdade vos digo:
Aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta,
mas entra por outro lado,
é ladrão e salteador.
Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas.
0 porteiro abre lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz.
Ele chama cada uma delas pelo seu nome e leva as para fora.
Depois de ter feito sair todas as que lhe pertencem,
caminha à sua frente
e as ovelhas seguem no, porque conhecem a sua voz.
Se for um estranho, não o seguem, mas fogem dele,
porque não conhecem a voz dos estranhos».
Jesus apresentou lhes esta comparação,
mas eles não compreenderam o que queria dizer.
Jesus continuo: «Em verdade, em verdade vos digo:
Eu sou a porta das ovelhas.
Aqueles que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores,
mas as ovelhas não os escutaram.
Eu sou a porta.
Quem entrar por Mim será salvo:
é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra pastagem.
O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir.
Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida
e a tenham em abundância».

28 abril 2023

Poemas dos dias que correm

Pavana para uma burguesa defunta

A cabeça de vaca da minha tia mais velha
repousa em guerra lenta no cemitério maior.
Rói-lhe o bicho das contas a fímbria da orelha.
Rói-lhe o rato da raiva as narinas sem cor. 

Repousa em paz Raposa que na toca
fareja a galinhola e o fricassé.
Já não mija mas cheira
já não vive mas ousa
ser a santa que foi  ser o estrume que é. 

A cabeça de vaca de minha tia refoga
nas lágrimas burguesas da família enlatada
cozinha-lhe a memória um viúvo de toga
descasca-lhe a cebola uma filha frustrada. 

A cabeça de vaca de minha tia meneia
o sim-sim i não-não dos outros semivivos
na família a razão de se morrer a meias
é a exalação dos suspiros cativos.

Se não fosse o desgosto  se não fosse a gordura
o retrato na sala  o buraco no ventre
se não fosse de força tinha feito a escritura
nem sequer houve tempo para o oiro dos dentes.

Minha tia mastiga  minha tia castiga
na saleta do inferno as almas dos criados:
– não me limpaste o pó  a campa tem urtigas
atrasaste o jantar dos condenados.

A cabeça de vaca de minha tia sem nome
coze no fogo brando do que é passar à história.
Dissolve-se na boca  resolve-se na fome
Do senhor que a devora em sua santa glória. 

ary dos santos
vinte anos de poesia
insofrimento in sofrimento, 1969
círculo de leitores
1983

27 abril 2023

Em memória de Harry Belafonte (1927 - 2023)

Não sei quando ouvi Harry Belafonte pela primeira vez. Menos sei ainda porque o ouvi... Talvez faça parte daqueles mistérios musicais que não me largam: porque gosto tanto de um género musical - tangos, por exemplo - que não são do meu tempo nem cresci excessivamente com eles. O que sei é que, algures no tempo, me cruzei com o cantor americano de origem jamaicana. Gostei do que ouvi, pelo que o nome me ficou na memória, assim, como a letra de uma ou outra música. 

Harry Belafonte já apareceu neste estabelecimento, em 2013, por causa de duas apostas que eu perdera por pouco.

As duas músicas que aqui posto constam de uma notícia do Observador. Não as teria posto, no entanto, se não fossem duas que conheço e que consigo trautear. Espero que apreciem quase tanto como eu.

JdB


26 abril 2023

Vai um gin do Peter’s ?

O MELHOR PRESENTE DO VATICANO


Num gesto profundamente ecuménico – conforme reconhecido pela generalidade dos comentadores – o Papa Francisco decidiu agraciar o novo soberano do Reino Unido com um presente especialíssimo, que terá lugar de honra na cerimónia da coroação, a 6 de Maio, na Abadia de Westminster: dois fragmentos da cruz de Jesus, extraídos da relíquia mais preciosa do património sagrado dos Museus do Vaticano.

O Embaixador britânico acreditado junto da Santa Sé twitou na sua conta a gratidão do povo britânico ao Papa e manifestou a sua comoção face à generosidade da partilha daquele símbolo maior da Cristandade com o líder da Igreja Anglicana. Carlos III também se apressou a agradecer a Francisco, tocado por tamanho gesto, simultaneamente bênção e bússola para a dinastia Windsor e todo o país. 

Os dois fragmentos da célebre relíquia vão ser incorporados no crucifixo processional do País de Gales, que irá abrir caminho ao cortejo que conduzirá Carlos III pela nave central na Abadia anglicana de Westminster. É inspirador e ilustrativo do espírito britânico o conselho gravado numa das faces daquele crucifixo antigo, extraído do último sermão do santo patrono do País de Gales – S.David (séc.VI): «Be joyful. Keep the faith. Do the little things.» 
Topo da cruz do País de Gales, onde irá ser colocada a relíquia oferecida pelo Papa para marcar
presença na cerimónia da coroação. Este crucifixo pertence ao templo anglicano de Llandudo
(País de Gales). 

Nas palavras do Arcebispo católico do País de Gales, Mark O'Toole: «(The cross) is not only a sign
of the deep Christian roots of our nation but will, I am sure, encourage us all  to model
our lives on the love given by our savior, Jesus Christ». 
Um vento tão favorável de Roma contrabalança um pouco com o desgosto do sucessor de Isabel II, humilhado pelo resultado de uma sondagem recente, onde a maioria se opõe a custear a cerimónia da coroação com o erário público. Percebe-se que nem Carlos, nem Camila conseguiram ainda conquistar a simpatia do país, que continua órfão de uma rainha aclamada de Norte a Sul, mas que não conseguiu a proeza de transferir para o herdeiro o prestígio acumulado nos 70 anos à frente da coroa britânica (conheceu 5 Papas).

 

Quem ousará fazer previsões sobre o reinado de Carlos III, que ascende ao trono já sénior, aos 74 anos? Será que tudo lhe acontece com demasiada idade? À falta de jeito para socializar, padece ainda de alguma má fama pela relação clandestina com Camila traindo, quase desde a primeira hora, a Princesa que teve as maiores (e mais eficazes) demonstrações de afeição para com o seu povo e os párias do planeta. As missões e escapadelas de Di pelo mundo fora, das generosas às aventurosas, fizeram as delícias de multidões, globalmente. A sua aura de simpatia internacional ficou patente nas suas exéquias fúnebres, visionada por telespectadores de todo o lado, dias a fio. A morte trágica, aos 36 anos, comoveu o mundo e nem Isabel II escapou a remoques críticos pela (alegada) frieza dos Windsor a lidar com a afectuosa “princesa do povo”. 

Alguns, em minoria, valorizam a longevidade do affair de Carlos com a loira audaciosa, que partilha com a família real britânica a paixão pelos cavalos… um hobby estranho a Lady Di e também à generalidade das pessoas. 

De Carlos conhece-se pouco, à parte da sensibilidade ecológica, do gosto pelo mundo da cultura, em especial das artes, sendo assinaláveis os seus esforços diplomáticos a tentar levar para as Ilhas britânicas as melhores colecções de arte disponíveis. Porém, o que salta à vista é a falta de empatia e alguma aselhice a lidar com o próximo, não ajudando o ar duro e distante da mulher da sua vida. Em ambos, sente-se um esforço hercúleo nos banhos de multidão e nos eventos públicos. Mas o que poderá não passar de um fraco QE do casal continua a contrastar perigosamente com o perfil de monarquia de proximidade encarnada por Diana, ainda a ensombrar Buckingham como um fantasma. Nela tudo ficava eclipsado pela sua atitude amistosa e comunicativa, capaz de partilhar urbi et orbi um gosto de viver onde parecia também haver lugar para os outros. Assim foi interpretada em vida, pelo que a violência extrema da morte prematura insuflou mais ainda a aura mítica que a acompanhou desde as primeiras notícias do noivado com o príncipe tão mais velho e de olhar triste.  

Na actual encruzilhada difícil da História ganha especial força esta oferta da Santa Sé a Carlos III, presenteando-o com a maior insígnia do Rei dos reis. Era difícil haver uma dádiva mais auspiciosa para um reinado envolto em circunstâncias pouco favoráveis, quiçá hostis. Hoje, um reinado, um continente e todo um planeta clamam por uma paz duradoira, fundada na Justiça e na Verdade que os minúsculos fragmentos evocam. Certeiro e pascal. 

Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas) 

25 abril 2023

24 abril 2023

Dos fios de cabelo *

 Sexta-feira fui a uma vigília de oração quase toda voltada para as melhoras de uma pessoa que é importante numa determinada comunidade e que, muito antes de ser estatisticamente provável, se debate com uma condição de saúde grave. Ontem, numa esplanada com gente que me é próxima, ouvi uma frase: fulano (sendo que fulano tem mais ou menos a minha idade, 57 anos) disse-me que os último velórios a que a foi eram de gente da idade dele. E ouvi ainda: temos de aproveitar enquanto cá estamos. 6ª feira ainda fui a uma missa de corpo presente da irmã de alguém de quem sou amigo recente. Morreu de cancro, com 58 anos, talvez. Na minha ronda habitual de blogues, alguém cita o livro Amores Perros: se queres pôr Deus a rir, conta-lhe os teus projectos.  

Como já aqui escrevi várias vezes, a fronteira entre a graça e a desgraça é um fio de cabelo. Na sequência de uma análise médica faz-se um simples telefonema, e no destinatário tudo se desmorona; noutros tempos não tão tecnológicos, a diferença entre uma gravidez alegre e um filho com deficiências mentais profunda é um instante. Por outro lado, a fronteira entre a desgraça e a graça é, também, um fio de cabelo: os que perdem ou optam por apanhar um avião que não o que se desmorona; os que perdem o emprego e, com isso, descobrem uma vocação - ou a coragem para a seguir. 

Significa a frase dos projectos e do riso de Deus que não os devemos fazer? Não, não significa. O agricultor é o gestor sem uma folha de cálculo. Ambos projectam com base naquilo que sabem, com base naquilo que prevêem, com base naquilo que desejam. Projectar é acreditar; semear é acreditar. Viver é acreditar, sabendo que o mundo não é um lugar justo, que é, por vezes, um local profundamente injusto. Mas projectamos - uma sementeira, uma casa, um negócio, um projecto de vida. Projectamos, sabendo que tudo se esboroa nuns marcadores traiçoeiros, numa geada a destempo, num financiamento que não entra. Projectamos porque acreditamos. 

As mortes prematuras (pelo menos estatisticamente prematuras) devem fazer-nos pensar. Nos hábitos que devemos perder - o sedentarismo, o cigarro, o álcool em excesso, o peso - mas, acima de tudo, na precariedade da vida relacional. Hoje estamos aqui, amanhã somos pó, porque há o carro em contra-mão, a paragem súbita e irreversível do coração, o avião que embate nas rochas. O que devemos aproveitar? O tempo para deixarmos um mundo melhor do que aquele que encontrámos. Fazer o caminho que nos resta - um minuto, um mês, um ano, um século - sem zangas, sem incompatibilidades, sem lutas desnecessárias, sem rancores nem orgulhos, sem implicações gratuitas. Estar e não estar é obra de um instante. Saber aproveitar esse espaço de tempo indefinido, improjectável, é um desafio. Acreditar é agarrar o futuro e moldá-lo para o bem.

*** 

A primeira notícia sobre o desastre aéreo dos Alpes é uma estatística: morreram cento e não sei quantas pessoas; depois afunilamos a notícia e há cento e não sei quantos nomes; depois afunilamos a notícia e há cento e não sei quantas histórias. Às vezes afunilar é bom, porque nos dá a perspectiva certa do acontecimento: não morreram cento e não sei quantas pessoas; terminaram abruptamente cento e não sei quantas histórias. 

JdB 

* publicado originalmente a 30 de Março de 2015 

23 abril 2023

III Domingo da Páscoa

EVANGELHO - Lc 24,13-35

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Dois dos discípulos de Emaús
iam a caminho duma povoação chamada Emaús,
que ficava a sessenta estádios de Jerusalém.
Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido.
Enquanto falavam e discutiam,
Jesus aproximou Se deles e pôs Se com eles a caminho.
Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem.
Ele perguntou lhes.
«Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?»
Pararam entristecidos.
E um deles, chamado Cléofas, respondeu:
«Tu és o único habitante de Jerusalém
a ignorar o que lá se passou estes dias».
E Ele perguntou: «Que foi?»
Responderam Lhe:
«O que se refere a Jesus de Nazaré,
profeta poderoso em obras e palavras
diante de Deus e de todo o povo;
e como os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes
O entregaram para ser condenado à morte e crucificado.
Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar Israel.
Mas, afinal, é já o terceiro dia depois que isto aconteceu.
É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos sobressaltaram:
foram de madrugada ao sepulcro,
não encontraram o corpo de Jesus
e vieram dizer que lhes tinham aparecido uns Anjos
a anunciar que Ele estava vivo.
Mas a Ele não O viram».
Então Jesus disse lhes:
«Homens sem inteligência e lentos de espírito
para acreditar em tudo o que os profetas anunciaram!
Não tinha o Messias de sofrer tudo isso
para entrar na Sua glória?»
Depois, começando por Moisés
e passando por todos os Profetas,
explicou lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito.
Ao chegarem perto da povoação para onde iam,
Jesus fez menção de ir para diante.
Mas eles convenceram n'O a ficar, dizendo:
«Ficai connosco, Senhor, porque o dia está a terminar
e vem caindo a noite».
Jesus entrou e ficou com eles.
E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção,
partiu-o e entregou-lho.
Nesse momento abriram se lhes os olhos e reconheceram n'O.
Mas Ele desapareceu da sua presença.
Disseram então um para o outro:
«Não ardia cá dentro o nosso coração,
quando Ele nos falava pelo caminho
e nos explicava as Escrituras?»
Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém
e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com ele,
que diziam:
«Na verdade, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão».
E eles contaram o que tinha acontecido no caminho
e como O tinham reconhecido ao partir o pão.

19 abril 2023

Poemas dos dias que correm

Aquela loura de preto 

Aquela loura de preto
Com uma flor branca ao peito,
É o retrato completo
De como alguém é perfeito. 

s.d.

Quadras ao Gosto Popular. Fernando Pessoa. (Texto estabelecido e prefaciado por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1965. (6ª ed., 1973).  - 72.

***

Lágrima de preta 

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar. 

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado. 

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente. 

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais. 

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume: 

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

António Gedeão


Textos dos dias que correm *

 (1929)

Sexta-feira, 31 de Maio
 
O oculista disse-me esta tarde: “Talvez a senhora já não seja tão jovem como era”. Esta é a primeira vez que me dizem isto; pareceu-me uma afirmação espantosa. Significa que agora pareço a um estranho não uma mulher, mas uma senhora idosa. Porém, mesmo assim, embora me sentisse enrugada e envelhecida durante uma hora, e adoptasse uma atitude de grande sabedoria e tolerância, ao comprar um casaco, mesmo assim, depressa me esqueci; e volto a ser uma “mulher”.
 
Votámos em Rodmell. Vi uma senhora de luvas brancas a ajudar um velho casal de lavradores a descer do Daimler dela. comprámos uma máquina de cortar relva a motor. Tudo parece um pouco estranho e simbólico quando regresso. Estava com uma disposição estranha, achando-me muito velha: mas agora volto a ser uma mulher – como sou sempre quando escrevo. Dispersa-me e acalora-me este viajar de automóvel de um lado para o outro.
 
virgínia woolf
diários
trad. jorge vaz de carvalho
relógio d´água
2018

17 abril 2023

Das boas pessoas *

 Há dois ou três anos, numa missa de finados, o padre, amigo óbvio do desaparecido, elogiou-lhe fortemente as virtudes humanas. Ao meu lado, alguém me diz ironicamente, sem um minuto de hesitação: "ouvi dizer que era insuportável em casa". 6ªfeira passado recebo um elogio fúnebre sobre alguém que desapareceu recentemente e que conheci relativamente bem. O nome masculino "elogio" está correcto, independentemente de ser uma expressão vulgar quando ligado ao adjectivo "fúnebre". Era de facto um elogio, e para o caso pouco interessa saber se merecido ou não. Para mim basta-me que contivesse muita verdade. 

O parágrafo acima deriva de uma pergunta que me fazem e que suscita uma conversa toda feita de interrogações: o que faz de nós boas pessoas? Isto é, o que nos leva a dizer que o manel ou a maria são boas pessoas, ou que nem o manel nem a maria são boas pessoas? A conversa assenta numa pergunta inicial mais incisiva: uma pessoa generosa é uma boa pessoa? Tendo a dizer que é uma condição necessária, mas não é suficiente. Um mafioso, pelo menos segundo o paradigma dos filmes, pode ser um homem generoso: num minuto empresta dinheiro a um amigo ou proporciona-lhe uma viagem a Las Vegas para jogar e beber e, no minuto seguinte, calça uns sapatos de betão a um traidor e atira-o ao rio, ou manda dizimar uma quantidade imensa de inimigos que, à saída de uma missa, sonham com um prato de spaghetti alla putanesca com os filhos e sobrinhos vestidos de ver a deus. 

O que faz de nós boas pessoas? A generosidade sobrepõe-se à ira? O sentido de justiça é mais forte do que o orgulho? Uma índole pacificadora tem mais impacto do que um comodismo exacerbado? As virtudes são sempre melhores do que os defeitos, diria La Palice. Coexistindo na mesma pessoa, que critérios utilizamos para aferir a contabilidade entre uns e outros? Não sei. Só sei - e isso sei - que de algumas pessoas afirmo que são muito boas pessoas e que de outras pessoas elogio as qualidades, por vezes bastantes. O que diferencia umas das outras? Na minha cabeça é de tal forma intangível que não sei dizer com exactidão. Talvez seja um conjunto de virtudes humanas com impacto no próximo que as leva a serem promovidas a "boas pessoas".  Ou será a ausência de alguns defeitos? Vemos os outros pela positiva ou também pela ausência de negativa? Há defeitos que nos impedem de sermos boas pessoas, mesmo que tenhamos um bom punhado de qualidades? 

Regresso aos mortos. Em O Primo Basílio, há o seguinte diálogo:

- Até já fiz construir, sem vacilar, no Alto de S. João, a minha última morada. Modesta, mas decente. É ao entrar, no arruamento à direita, num lugar abrigado, ao pé da choça dos Veríssimos amigos.
- E já compôs o seu epitáfio, Sr. Conselheiro? — perguntou Julião, do canto, irónico.
- Não o quero, Sr. Zusarte. Na minha sepultura não quero elogios. Se os meus amigos, os meus patrícios, entenderem que eu fiz alguns serviços, têm outros meios para os comemorar; lá têm a imprensa, o comunicado, o necrológio, a poesia mesmo! Por minha vontade, quero apenas sobre a lápide lisa, em letras negras, o meu nome - com a minha designação de conselheiro -, a data do meu nascimento e a data do meu óbito. 
E com um tom demorado, de reflexão:
- Não me oponho todavia a que inscrevam por baixo, em letras menores: «Orai por ele.» 

O elogio fúnebre, sobretudo se for em sentido único, pode surtir um efeito contrário. Isto é, à conta de tantos encómios - como se qualquer finado não fosse um caldo onde viveu a luz e a escuridão, o bem e o mal - é normal que nos lembremos rapidamente de alguns defeitos que equilibrem o epitáfio tirando-lhe um pendor excessivamente elogioso. Nem todos somos boas pessoas porque nem sempre o queremos, ou nem sempre o conseguimos, ou talvez estejamos iludidos quanto à bondade do nosso caminho. Morrer com essa certeza - relativamente a nós ou aos outros - é morrer com a noção reconfortante de que partimos humanos, incompletos, mas sempre filhos de um Deus que nos recebe por igual.

Quando chegar a minha hora serei lembrado pelos amigos e familiares que me sobreviverem. Não haverá imprensa, necrológio - menos ainda poesia. Em tudo sendo justo não haverá elogio fúnebre ou homilias laudatórias. Talvez não me oponha, como diria o Conselheiro Acácio, a que inscrevam uma singeleza por baixo das memórias que terão de mim: tentou imperfeitamente. Mais do que isso não, não vá alguém afirmar ironicamente: "ouvi dizer que era insuportável em casa".

JdB

* publicado originalmente a 26 de Outubro de 2015

16 abril 2023

II Domingo da Páscoa

 EVANGELHO - Jo 20,19-31

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Na tarde daquele dia, o primeiro da semana,
estando fechadas as portas da casa
onde os discípulos se encontravam,
com medo dos judeus,
veio Jesus, colocou Se no meio deles e disse lhes:
«A paz esteja convosco».
Dito isto, mostrou lhes as mãos e o lado.
Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor.
Jesus disse lhes de novo:
«A paz esteja convosco.
Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós».
Dito isto, soprou sobre eles e disse lhes:
«Recebei o Espírito Santo:
àqueles a quem perdoardes os pecados ser lhes ão perdoados;
e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».
Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo,
não estava com eles quando veio Jesus.
Disseram lhe os outros discípulos:
«Vimos o Senhor».
Mas ele respondeu lhes:
«Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos,
se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado,
não acreditarei».
Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa
e Tomé com eles.
Veio Jesus, estando as portas fechadas,
apresentou Se no meio deles e disse:
«A paz esteja convosco».
Depois disse a Tomé:
«Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos;
aproxima a tua mão e mete a no meu lado;
e não sejas incrédulo, mas crente».
Tomé respondeu Lhe:
«Meu Senhor e meu Deus!»
Disse lhe Jesus:
«Porque Me viste acreditaste:
felizes os que acreditam sem terem visto».
Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos,
que não estão escritos neste livro.
Estes, porém, foram escritos
para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus,
e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.

13 abril 2023

Eventos dos dias que correm

 


Não vou dizer mais nada do que já aqui referi neste estabelecimento. Ando no mundo internacional da oncologia pediátrica há 15 anos, talvez. Nos últimos sete assumi funções de membro do Board da Childhood Cancer International; nos últimos dois assumi a presidência. Ao longo destes anos todos conheci dezenas de pais, de mães, de voluntários, de profissionais de saúde - médicos, enfermeiros, psicólogos. Conheci funcionários com um nível elevado na Organização Mundial de Saúde e outras pessoas de alguma forma ligadas à causa. Não conheci ninguém - com excepção de uma única pessoa - com um espírito negativo ou não construtivo. Todos, estou certo, estariam à distância de um telefonema se eu precisasse deles. E todos têm um espírito disponível, amável, de tratamento pelo nome próprio, com um grande respeito pelos Pais. 

St. Jude, o hospital de Memphis que organiza o evento para o qual fui convidado, dedica-se à oncologia pediátrica, apenas. Nasceu, há 60 anos, da vontade e do sonho de Danny Thomas, um entertainer, que cunhou uma frase memorável: nenhuma criança devia morrer na alvorada da vida. Hoje movimenta centenas de milhões de dólares em investigação, tratamento, desenvolvimento de organizações no mundo inteiro. 

Danny Thomas, o fundador de St. Jude. O nariz polido resulta dos milhares
de "afagos", pois acredita-se que dá sorte

O que é esta plataforma? Um projecto que visa garantir, no seu primeiro ano, que a 12.000 crianças com cancro em todo o mundo não lhes faltem os medicamentos necessários. Os logotipos mostram as organizações envolvidas. O custo (o investimento, talvez seja mais correcto)? 200.000.000 de dólares americanos. 

Por motivos estatutários das organizações a que estou ligado, a minha relação "funcional" com a oncologia pediátrica acabará em 2025. Mesmo que acabasse agora poderia dizer que têm sido os anos mais humanamente enriquecedores da minha vida.

JdB    

12 abril 2023

Vai um gin do Peter’s ?

 LEQUES LINDOS  

Sempre decorativos e com lastro histórico, os primeiros leques surgem representados em baixos relevos na arte egípcia. Nas cortes dos faraós impressionam as cenas de pajens com leques de grandes penas a refrescar os senhores. Eram um luxo especialmente adequado para atenuar o calor asfixiante das terras desérticas, mas serviam igualmente para exibir o estatuto e a riqueza dos poderosos aos seus visitantes. 

Leques na arte dos faraós.

À Europa, este artefacto decorativo e útil veio da China, trazido pelos descobridores portugueses do Império do Meio, sendo atribuída aos jesuítas esta importação para o Velho Continente, a partir do primeiro quartel do século XVI. Quando a moda se espalhou pela Europa, impulsionada pela corte francesa de Luís XIV, a partir do século XVII, Cantão e Macau impuseram-se como hubs de comércio e de fabrico de leques. 

Embora o estilo oriental tenha persistido na decoração destas peças, à medida que o seu uso se democratizou (em parte) pelas cidades europeias, observou-se uma adaptação à estética ocidental, passando a ser reproduzidas cenas palacianas do Ocidente. Já o recurso a materiais nobres e leves, a par do aspecto requintado mantiveram-se, tornando-o num complemento relevante do traje feminino, em especial de gala. Com a chegada dos europeus a outras latitudes, a moda dos leques estabeleceu-se também noutras paragens. Assim aconteceu com o Brasil, durante a estadia da família real portuguesa, no início do século XIX.

Leque comemorativo da independência do Brasil. Constituído por 21 varetas com madrepérola e incrustações em prata. Ao centro, o retrato de D.Pedro I do Brasil e IV de Portugal, encimado pela coroa imperial. 

Por seu turno, o efeito decorativo do leque converteu-o também em bibelot, colocado aberto em caixas de vidro para enfeitar paredes ou cómodas ou consolas. Até o seu forte potencial coreográfico foi aproveitado, surgindo como adereço de danças regionais e do ballet clássico, onde o flamengo é paradigmático e especialmente vistoso. 

Como bom coleccionador, Medeiros e Almeida incluiu no seu acervo um conjunto de quase duas dezenas de leques de origem chinesa (e muitos mais de proveniência europeia), que vão estar em exposição no Museu do Oriente. Aquela mostra intitula-se «Na senda dos leques orientais» e inaugura amanhã, às 18h30, ficando patente ao público até 10 de Setembro. Como aperitivo, seguem exemplos de peças da Fundação Medeiros e Almeida, incluindo algumas de estilo ocidental (que se mantêm na Fundação da rua Rosa Araújo): 

Leque de cabecinha

Materiais ricos são convocados, como ouro, prata, marfim, madrepérola, tartaruga, seda, renda, além de pinturas ornamentais sobre papel


Nos frequentes desencontros entre o calendário litúrgico ortodoxo e o da demais Cristandade, esta semana já é pascal para católicos e protestantes, enquanto no culto ortodoxo decorre a Semana Santa. Talvez um dia, possamos celebrar sempre em conjunto esta festa maior, recuando à unidade anterior ao grande Cisma do Oriente (em 1054). Só quando voltarmos à plena comunhão, deixaremos de ficar reduzidos às 3 ou 4 coincidências, por século, em que os calendários pascais são semelhantes.    

Páscoa luminosa a todos os que viveram o Domingo da Ressurreição! 

Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)

09 abril 2023

Poemas dos dias que correm *

 QUE SABEMOS NÓS

Que sabemos nós da dor de cada um?

sabemos dum rio dum pomar duma flor
dum pássaro morto na primavera
e tudo isso escrevemos num poema

- mas das dores de cada um que sabemos nós?

dos homens anónimos que viajam na solidão dos eléctricos
dos meninos que amanhecem mortos
junto aos muros das grandes cidades que sabemos nós?

sabemos dum nome que o jornal traz todas as manhãs
mas dos homens que vendem os jornais que sabemos nós?

sabemos acaso como doem as suas lágrimas no silêncio
quando a tarde é uma pedra de melancolia
caindo sobre os ombros?
ah tudo isso escrevemos num poema
mas de tudo isso que sabemos nós?

quando as luzes se acendem na cidade
e a noite é uma lágrima
que sabemos nós do desespero das mãos vazias
dos olhos que não vêem mais que a noite
para além duma janela sem cortinas?

ah tudo isso escrevemos num poema
mas dos que ficam para contar aos que vierem
das suas dores na madrugada
e da esperança que a noite trará um dia às suas mãos vazias
e aos seus olhos que não vêem mais que a noite
para além duma janela sem cortinas que sabemos nós?

- ah tudo isso escrevemos num poema.
.
Luís Pignatelli
(1/1/1935 - 20/12/1993)
In "Obra Poética"

Domingo de Páscoa

 EVANGELHO – Jo 20,1-9

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

No primeiro dia da semana,
Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro
e viu a pedra retirada do sepulcro.
Correu então e foi ter com Simão Pedro
e com o discípulo predilecto de Jesus
e disse-lhes:
«Levaram o Senhor do sepulcro,
e não sabemos onde O puseram».
Pedro partiu com o outro discípulo
e foram ambos ao sepulcro.
Corriam os dois juntos,
mas o outro discípulo antecipou-se,
correndo mais depressa do que Pedro,
e chegou primeiro ao sepulcro.
Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou.
Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira.
Entrou no sepulcro
e viu as ligaduras no chão
e o sud&aacu
te;rio que tinha estado sobre a cabeça de Jesus,
não com as ligaduras, mas enrolado à parte.
Entrou também o outro discípulo
que chegara primeiro ao sepulcro:
viu e acreditou.
Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura,
segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.

06 abril 2023

Das banalidades *

 

No prefácio ao seu S. Paulo, Teixeira de Pascoaes escreve: As cousas da Natureza tiveram, para mim, grande encanto. Vivia-as, como se vive a dor ou o amor. Agora só me interessam as almas: a daquele campónio, a daquele mendigo, ou Napoleão em Santa Helena, Hamlet, diante de uma caveira, parodiando filosoficamente a atitude religiosa de S. Jerónimo; Lucrécio, o primeiro poeta da morte, ou Paulo de Tarso, o maior poeta da vida e da loucura, faminto de Deus, emagrecido até ao esqueleto -, esse fantasma que se apoderou da Humanidade. 

Nunca senti grande encanto pelas cousas da Natureza. Não tenho essa dimensão de bucolismo, não sou poeta do romantismo, não descortino no desabrochar da flor renovações de vida ou de existência, falha-me a atracção pela Primavera como época redentora. Às almas, se bem que de maior interesse, nem sempre consigo chegar, que me falta a profundidade da análise ou o apelo a biografias romanceadas. À pergunta então o que te interessa?, só me ocorre uma resposta: imaginar a vida das pessoas.

Na mesma sala universitária que eu sentam-se, com uma frequência semanal, pouco menos de duas dezenas de alunos - o mais velho com mais de 70 anos, o mais novo com vinte e poucos. Em bom rigor, a grande mancha geracional pende para a franja dos sub-trinta. Olho para quase todos com igual atenção. Não me interessam o que poderia chamar-se as almas dos meus colegas - não sei o que pensam da religião, da política, da ética, de S. Paulo. Não me desperta a curiosidade pelo que lêem, se o fazem para ser melhores pessoas, se para se educarem ou apenas como entretenimento. Interesso-me por cada um deles na dimensão mais comezinha, essa dimensão que estabelece com a elevação das ideias um conjunto vazio.

Olhar para eles é imaginar-lhes as vidas corriqueiras: como dormem, de que riem, quais são as rotinas, o que lhes encanta nas pessoas por quem se apaixonam, porque discutem, como se sentam nos cinemas ou o que gostam de comer, e outros pormenores de irrelevante importância para o concerto das nações. A minha mente, no que a isto diz respeito, não é perscrutante - é apenas criativa. 

Um dia, por motivos que têm pouco interesse, escrevi uma espécie de romance. Muito mais do que desenvolver os personagens principais para lhes dar corpo, peso específico, consistência, divertiu-me imaginar histórias para os elementos secundários. Como muito se passava num barco, quando dei por mim já redigira folhas imensas e entretidas sobre o armador, sobre uma filha que era feia mas que se apaixonava de forma correspondida pelo informático, sobre o anúncio de uma gravidez desejada com o meu menino é d'oiro em música de fundo, sobre a mãe que morria num repente ao som do Angelus, sobre tardes luxuosas na ilha de Ischia onde os ricos espraiam as suas depressões.

As cousas da Natureza têm pouco encanto. As almas interessam-me, desde que consiga juntar-lhes uma dimensão de banalidade. 

JdB      

* publicado originalmente a 25 de Fevereiro de 2015

05 abril 2023

Pensamentos dos dias que correm

Todo o Génio é um Degenerado

Sendo certo que todo o génio é um degenerado (nem superior, nem inferior, porque há só degenerados de uma espécie, mau grado a absurda escapatória dos psiquiatras modern style), certíssimo é, sem dúvida, que entre os génios, os da inteligência assumem um relevo máximo de degeneração. Um chefe político, um grande general, são, no que génios, degenerados, porque são desvios do tipo normal e originais na sua acção e na sua individualidade. Mas são normais porque são homens de acção, porque vivem no meio da vida, e não se pode fazer isso sem uma certa adaptação a ela. O mais revolucionário dos génios políticos tem de se adpatar ao que quer destruir para o poder destruir. Tem de mergulhar na vida que quer substituir para poder agir sobre ela.
Não assim na esfera da inteligência e da emoção intelectualizada - na da filosofia e na da arte, digo. Sobre ser original, o artista, o pensador é um inadaptado às formas normais da vida, por isso que nem age no sentido da actividade normal (porque é original), nem age no que age, age vulgarmente (porque, em lugar de ter uma acção vulgar, orienta a sua vida sobretudo para a sensação e para a inteligência e não para a acção, para a vontade, como a maioria dos homens).

Fernando Pessoa, in 'Correspondência'

04 abril 2023

Poemas dos dias que correm *

COMO SE MORRE DE VELHICE...

Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.

Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.

Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.

Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.

De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.

Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.

Cecília Meireles
(7/11/1901 - 9/11/1964)
In "Poemas"
(1967)

02 abril 2023

Domingo de Ramos

LEITURA II - Fil 2,6-11

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses

Cristo Jesus, que era de condição divina,
não Se valeu da sua igualdade com Deus,
mas aniquilou-Se a Si próprio.
Assumindo a condição de servo,
tornou-Se semelhante aos homens.
Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais,
obedecendo até à morte e morte de cruz.
Por isso Deus O exaltou
e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes,
para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem
no céu, na terra e nos abismos,
e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor,
para glória de Deus Pai.

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