14 junho 2023

Viagem ao Sudeste Asiático (VIII) - a gastronomia


Provavelmente já escrevi neste estabelecimento sobre gastronomia asiática, embora a expressão "asiática" não seja específica, porque engloba, no meu léxico de viajante, o Japão, a China, a Índia e, agora, a Malásia, Singapura ou Indonésia. 

Dizer que Portugal tem uma das melhores gastronomias do mundo não é um nacionalismo bacoco. Acredito na frase, genuinamente. Porquê? Por várias razões: (i) tem uma variedade enorme de carnes ou peixes, sendo imbatível na doçaria; (ii) tem uma variedade imensa de formas de cozinhar esta enorme quantidade de matéria-prima: pode grelhar-se, cozer-se, assar-se ou comer-se cru, ligeiramente temperado; (iii) por causa de (i) e (ii), a comida portuguesa (e não só, claro) tem uma gama enorme de sabores. 

A comida indiana e a comida malaia têm algo em comum: são muito condimentadas e a maior parte dos pratos assentam em matéria-prima frita. Tal como senti na Índia, ao fim de alguns dias tudo me parece saber ao mesmo - a caril, ou a um qualquer picante. A comida condimentada começa no pequeno-almoço e segue por todas as refeições. 

Fomos convidados por um casal de amigos malaios para jantar em Kuala Lumpur. O nosso anfitrião pediu ostras para entrada. As ostras eram boas, grandes, frescas, com um intenso e agradável sabor a mar. A primeira coisa que o meu amigo malaio fez foi deitar-lhes tabasco em cima destruindo aquilo que, no meu entender, faz da ostra um petisco quase inigualável. Em boa verdade, este meu amigo viaja sempre com um frasco de tabasco. Argumenta que a comida europeia sabe a pouco (pudera...) e que o picante ajuda a balançar os sabores. 

Nesta viagem fomos convidados para jantar num bom restaurante chinês (onde comemos óptimos dim sums) e num restaurante japonês, onde comemos pratos que não se comem facilmente em Portugal. Nada era frito, nada era condimentado, tudo tinha um paladar agradável e suave. Se o meu amigo malaio lá estivesse, estou certo de que verteria o seu tabasco por cima, tal como fez em Barcelona, em cima de um bacalhau frito...

JdB

1 comentário:

Anónimo disse...

Estimado JdB,
Tudo o que se possa incluir em "educação" fizeram o que eu sou. Com meu Pai andei pela Europa não comunista e ele criou-me na lei de em cada país come-se o que eles tiverem e como o apresentarem. Em criança/fedelho em España só comia tortillas e alguma merluza.
Nunca fui fã de adicionar molhos, maioneses e outros. Uso piri-piri quando o prato "não tem graça"; aqui até uso mais do que os naturais de (ou viventes em) África; o picante atenua-se regando as bagas ou as sementes com azeite e esperar 5 minutos. Há pratos em que a malagueta regional é obrigatória — bife tártaro, vg.
Concordo totalmente com a cozinha portuguesa e a doçaria conventual.
Nunca fiz qualquer reparo a alguém burro que estraga tudo com molhos.

Abraço

Acerca de mim

Arquivo do blogue