10 agosto 2015

Vai um gin do Peter’s?

É bem difícil transmitir o horror que a guerra provoca. A mais badalada – a II Guerra, considerada comummente nos EUA como the last good war – continua a ser tema de filmes, comemorações, debates, testemunhos. Talvez por ter tido um desfecho tão consensual para a maioria, continue a oferecer um manancial inesgotável de registo expressivos das atrocidades cometidas nas zonas atingidas pelo conflito. Claro que sob o ponto de vista de destruição e de dor não há guerras boas! Haverá pior causa de sofrimento? 

Recentemente, foi divulgado um link sugestivo, contrapondo dois momentos da mesma paisagem: durante a guerra de 1939-1945 e na actualidade. O resultado é por demais eloquente, evidenciando a ruína e o caos produzidos em combates, qual máquina grotesca de desconstrução. Movendo o rato sobre a imagem antiga, ela transporta-nos para o presente. Voltando a mover o rato, a imagem regressa aos tempos aflitivos da II Guerra: 


Como é possível que depois daqueles 6 anos de dor acumulada, o recurso às armas não tivesse sido banido para sempre? Como se explica que não tenha servido de vacina? 

Estranhamente, logo após 1945 novos conflitos foram eclodindo aqui e ali, embora circunscritos a áreas geográficas delimitadas, garantindo que as bombas caíam em zonas que não beliscavam as sociedades desenvolvidas. Um privilégio único das nações poderosas que, infelizmente, não demonstraram tanta eficácia (e empenho) a esgrimir a sua poderosa influência para evitar essas guerras regionais. Como observava o grande historiador português Borges de Macedo: quando um confronto se arrasta por mais de um mês, é porque está a ser financiado pelo exterior, a menos que se trate de um país muito rico. É uma iniciativa tão dispendiosa, que resulta num luxo mantê-la. Aqui, como nas investigações às fraudes fiscais e aos branqueamentos de capitais, basta aplicar o velho princípio: follow the money. Bem sabemos o papel que os media corajosos têm tido na denúncia de financiadores inimagináveis de conflitos longínquos. Ainda agora é assim, na própria Europa dita civilizada, onde grupos de extrema-esquerda, como o Podemos espanhol ou o Syrisa grego, são patrocinados pela Venezuela de Maduro.  

A quantidade de guerras que grassam no mundo, várias com risco elevado de alastramento rápido e descontrolado, tornam prementes os apelos de inúmeras personalidades públicas, cientes do sofrimento injusto e inglório que está ao alcance do ser humano travar. É só uma questão de vontade! 

Aqui fica o apelo recente do Papa Francisco, proferido na última Oração pela Paz a proclamar com vigor que «a violência e a guerra nunca são o caminho da paz.» 


«Como gostaria que, por um momento, todos os homens e as mulheres de boa vontade olhassem para a cruz. Nela pode ler-se a resposta de Deus. Nela, à violência não se respondeu com a violência, à morte não se respondeu com a linguagem da morte. No silêncio da Cruz cala-se o fragor das armas e fala a linguagem da reconciliação, do perdão, do diálogo, da paz. Gostaria de pedir ao Senhor, esta noite, que nós, cristãos, os irmãos das outras religiões, cada homem e mulher de boa vontade, gritasse com força: a violência e a guerra nunca são o caminho da paz.» 

Outra mensagem lapidar do Papa, na senda dos seus antecessores, lembrando a importância da Justiça para alicerçar uma paz duradoira: 



O que será preciso ainda acontecer para acordarmos e mudarmos de vida? 

Maria Zarco
(a  preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)

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