09 maio 2024

Moleskine

Quanto tempo me sobra?

Comecei a perceber que, de certa forma, enfrentar a minha própria mortalidade não mudara nada e mudara tudo. Antes de o meu cancro ser diagnosticado, eu sabia que um dia iria morrer, mas não sabia quando. Depois do diagnóstico, eu sabia que um dia iria morrer, mas não sabia quando. Mas agora eu sabia-o de forma incisiva. O problema não era, na verdade, científico. A existência da morte é perturbadora. No entanto, não há outra maneira de viver.

Este texto (parágrafo traduzido por mim) foi publicado por Paul Kalanithi, um neurocirurgião de 36 anos diagnosticado com cancro do pulmão no The New York Times

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Gratidão

Há gente que me é próxima que não gosta da expressão: tenho uma dívida de gratidão para com... Apesar disso continuo a usar a expressão por vários motivos, nomeadamente o facto de haver pessoas a quem devo muito mais do que finezas de amizade. Foram pessoas que, em determinados momentos mais desafiantes da minha existência, me estenderam a mão, me puxaram activamente para cima e, nalguns casos, me apresentaram projectos, ideias, horizontes que deram um sentido à minha vida. Que, por um certo prisma, me salvaram 

Gosto da ideia de gratidão; gosto da ideia de ser grato. A gratidão não assenta numa contabilidade, mas num desejo de alegria interior. Agradece-se a alguém um presente, uma mão estendida, um jantar, uma palavra. Agradece-se à vida o que ela nos deu. Mesmo que tenhamos sido nós a construir o nosso caminho, todos sabemos que grande parte do que somos é fruto de um acaso. Tudo se destrói numa curva da estrada, numa análise estranha, num acidente fatal. E por último, mas não menos importante, agradecem-se os perdões, as reconciliações, os recomeços, como se de uma dádiva se tratasse

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Fotografias dos dias que correm

Fotografia de Herb Slodounik

Esta fotografia é curiosa, porque conta uma história. O interessante é que não se sabe qual é a história: pode ser a história de duas crianças curiosas; mas pode ser a história de duas crianças que, num museu cheio de obras de arte, escolhem não ver o óbvio, para se fixarem no que é, aparentemente, secundário.  

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Aprendido por aí

Regra de ouro: trate os outros como gostaria que o tratassem a si

Regra de platina: trate os outros como eles querem ser tratados.

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Lido por aí

No princípio da vida, quando somos crianças, precisamos dos outros para sobreviver, certo? E no fim da vida, quando ficas como eu, precisas dos outros para viver, certo? (...) Mas o segredo está aqui: entre uma coisa e a outra, também precisamos dos outros.

(Mitch Albom, in Às terças com Morrie, lido pela primeira vez em 2006)  

JdB

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