15 setembro 2009

The Beauty and the Beast - hoje, mas há 1 ano, no Zimbabwe



Tal como indica o título, o meu post de hoje escreve-se sob o signo do Beauty and the Beast. Eu explico.

Sábado de manhã fomos ver a oficina e uma das lojas de venda ao público do Patrick Mavros, um zimbabueano de origem grega que se dedicou, originalmente, à escultura em marfim. Com as restrições a nível mundial de utilização desta matéria-prima virou-se para a prata, esculpindo magistralmente animais, árvores - tudo o que está relacionado com África. Quando chegámos ao local onde também mora e onde circulam animais selvagens, deparámo-nos com a vista que vêem nas fotografias. Não vi campo - vi um quadro pintado por mão prodigiosa.



O Patrick contou-nos que quando se instalou aqui não havia qualquer construção. Tinha comprado uma moldura de janela numa demolição, ou noutro sítio qualquer, e a loja nasceu à volta do ponto onde ele a decidiu colocar - e que se abre para a vista que partilho convosco.

Este texto revela a Beauty do meu post.

Hoje, segunda-feira, pelas dez da manhã, dirijo-me a Parirenyatwa (não estou certo da grafia) um hospital de Harare, para conhecer um pouco do drama das crianças com cancro. Depois de contactos que foram feitos por quem subiu comigo à montanha sagrada, recebi uma chamada e fiz outra, tendo como interlocutores médicos simpáticos, disponíveis, que agradeceram (pasme-se...) a visita que me propunha fazer. Terei contactos, ao que parece, com uma Acreditar de cá, de que não sei nada. Gostava de sentir a miragem de uma potencial ajuda - não faço ideia em que moldes - mas estou certo, mais uma vez, que receberei mais do que darei.

Este texto revela a Beast do meu post.

A beleza de uma paisagem, a monstruosidade do cancro infantil. Duas faces da mesma moeda, duas realidades com que me vou confrontando ao longo dos últimos anos e que me fazem ter a certeza de que nada é garantido, certo, duradouro ou eterno. A paisagem idílica que vos mostro desaparece fruto de um incêndio incontrolável, o sorriso de uma criança desvanece-se face à brutalidade de uma doença. Resta-nos (pelo menos para mim, que sou crente) a Fé, a Esperança e a Caridade: confiar no futuro, acreditar em dias melhores, estender a mão a quem precisa num gesto de amor.

Adeus, até ao meu regresso...


3 comentários:

Anónimo disse...

isso mesmo amigo, a tua fé, a confiança no futuro e esse teu modo tão peculiar fazem de ti um amigo muito especial. Beijinhos MiHl

Anónimo disse...

não tirou estas fotografias com o seu telemóvel, não? estão lindíssimas, cheias de detalhe. Sobretudo as primeiras parecem pinturas. Tive a mesma sensação, a da "mão prodigiosa" quando estive no Chile. Exactamente a mesma. Parabéns, estão lindas. pcp

Lina Arroja (GJ) disse...

Imagens e texto a condizer, como sempre, João.

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