31 julho 2013

Diário de uma astróloga – [57] – 31 de Julho de 2013


Um caso de sincronicidade

A nossa casa em Cape Cod foi-se, e com esta venda o lugar onde a família se reunia também desapareceu. O meu marido e eu vamos ter a nossa casa em Portugal, a minha filha, o marido e os três filhos vivem perto de Londres e o meu filho, a sua mulher e os seus três filhos vivem agora em Seattle.

Nos últimos nove anos, os nossos filhos e netos chegavam a Cape Cod para passarem as férias de verão. Durante estas breves semanas eu cozinhava os seus pratos favoritos, prestava os primeiros socorros em casos de cortes e arranhões, tomava conta dos bebés, acartava com uma série de pranchas para a lagoa e para a praia. Em resumo, fornecia um refúgio para que todos pudessem relaxar e estar bem.

Esta casa tinha um jardim onde eu, usando um pouco de criatividade e alguma imaginação, projectei e construí um jardim astrológico. O glifo de cada signo do zodíaco estava presente e a sua função ou localização reflectia um dos significados essenciais do signo.

A Wikipedia define um símbolo como "um objeto que representa, significa, ou sugere uma ideia, crença, ação ou entidade material". Sendo uma astróloga arquetípica, estou ciente da importância dos símbolos e tinha prazer em mover-me à volta deles. Sempre que empurrava uma das crianças no baloiço sentia a energia de Leão, que está ligada à juventude, diversão e jogos. Cada vez que ia ao canto escondido do meu jardim deitar os restos de frutas e verduras no compostor reflectia no do poder transformativo de Escorpião que do lixo faz uma terra rica.

Os dois signos mais relacionados com a casa e o que ela representa em termos de ser um lugar onde a família estava reunida sob a asa protectora da matriarca são:

Caranguejo = casa, família, raízes, segurança emocional, carinho, protecção maternal, bebés
e
Capricórnio = estrutura, tradição, responsabilidade, autoridade, pessoas mais velhas

O Caranguejo era um bebedouro de pássaros


que simbolizava o cuidado em fornecer água fresca para as aves, e o Capricórnio era uma estrutura formada a partir de um velho pinheiro


simbolizando tanto a casa como uma construção, como a autoridade inerente a sermos os mais velhos.

O símbolo de Caranguejo partiu-se quando pusemos a casa à venda e, quando chegámos para esvaziar a casa para os novos proprietários, o símbolo de Capricórnio estava por terra, os restos da velha árvore durrubados pela última tempestade.

Carl Jung definiu sincronicidade como "ocorrências temporalmente coincidentes de eventos acausais". Não foi a venda da casa (Capricórnio) de família (Caranguejo) que causou a quebra destes símbolos, mas é certamente uma coincidência significativa. Os dois tipos de acontecimentos deram-se ao mesmo tempo em universos paralelos, o simbólico e o real, ambos contidos no conceito de Unus Mundus.

A sincronicidade não se limita à astrologia, mas a astrologia é o meu método de tornar consciente as conexões entre o mundo interior e o exterior. A quebra do bebedouro (Caranguejo) e da velha árvore (Capricórnio) deu-se ao mesmo tempo em que estrutura que eu construí para a minha família estava a desaparecer, assim como o meu mundo emocional (ainda que temporariamente) estava a desabar.

Sinto-me privilegiada por viver num universo encantado, cheio de significado que, apesar da dor de me despedir do lugar que amo, está a dizer-me numa linguagem clara que era altura de o largar.

Luiza Azancot

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