15 novembro 2021

Singularidades de uma rapariga loira

 


Há pouco mais de 13 anos, a passar dois meses no Zimbabwe, fui a uma festa em Harare. Cantava uma senhora local (hei-de lembrar-me do nome para trazê-la de novo ao estabelecimento) tendo-se-lhe juntado alguns locais para dançar. De repente, e seguramente impulsionada pelo clima de um continente onde o pecado é apenas uma palavra e os corpos têm uma sensualidade entusiasmante, uma holandesa atirou-se ao palco para dançar também. Não falo do contraste claro - escuro, de pessoas de cor com uma loira de permeio; falo do contraste entre o ritmo, a sexualidade quase explícita, o casamento perfeito e dengoso entre música e movimento dos africanos, e o esforço saudável e meritório de uma rapariga frísia a tentar o seu melhor.

Sway é um cha-cha-cha, parece-me. Nem Dean Martin nem Colin Firth - um actor que suscita suspiros por aí - são latino-americanos. Dean Martin, no entanto, canta bem tudo - de uma toada de cowboys a uma música italiana - sobretudo com aquela voz sensual, já meio alcoólica, com falhas que suscitariam olés!, fosse esse o caso. Já Colin Firth (de quem eu me lembro dizer bonita Aurélia, a uma Lúcia Moniz vestida de serviçal natalícia) tem a singularidade de uma rapariga loira no meio de zimbabueanos.

Oiçam, acima de tudo. Também podem ver, mas é menos importante.

JdB

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retirei a idea para este texto aqui.
 

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