Paredão do Estoril, ontem pelas 7.30h da manhã |
Biografia
Tenho de inventar a minha vida verdadeira,
está tudo desfeito, tudo por fazer,
está tudo desfeito, tudo por fazer,
tenho de recompor cada minuto da vida
e de inventar-lhe o sentido.
Tenho de encher de sentido o que nunca teve sentido,
inventar um sentido e pô-lo nas coisas do mundo.
Dar-lhes esse sentido.
Nasci. Passei por muitas mortes.
E agora tenho de viver.
Viver como quem inventa a vida verdadeira
e a dá ao mundo, assim uma coisa do mundo.
Quero nascer de novo e saber como é que se faz
o ofício de homem com o sentido em si
e com um amor largo no próprio ofício,
quero saber como é o trabalho de estar vivo.
Tenho de inventar a minha vida verdadeira
como quem inventa uma casa para se habitar
num espaço deserto, num mundo perdido.
Herberto Helder, in Do Mundo (1994)
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