14 agosto 2013

Diário de uma astróloga – [58] – 14 de Agosto de 2013


Diz-me como jogas e dir-te-ei quem és

O dono deste estabelecimento publicou, em Fevereiro passado, um comentário que é agora o título deste post. Foi a propósito de amigos que se juntavam na sua juventude para jogar cartas, e com a sabedoria do olhar retrospectivo sobre o desenrolar das suas vidas, JdB chegou a esta conclusão. Nessa altura pensei abordar o assunto sob o prisma astrológico mas a época não era propícia. Agora é.

O historiador holandês Johan Huizinga escreveu um livro de referência sobre o jogo “Homo Ludens” (O Homem Jogador) onde ele define jogar como… “uma actividade livre conscientemente fora do ambiente habitual, considerada “não séria” mas ao mesmo tempo absorvendo o jogador intensa e completamente. É uma actividade sem interesse material e nenhum lucro daí advém. Prossegue dentro dos seus limites de espaço e tempo de acordo com regras fixas e de uma forma ordenada”.

O grande astrólogo Robert Hand, também num livro de referência, “Horoscope Symbols”, diz que dentro das áreas de vida simbolizadas pela casa 5 estão incluídas as coisas que fazemos por si mesmas – não pelo dinheiro, nem para impressionar os outros, nem por amor ou obrigação. Por isso, as actividades a que chamamos JOGO são do domínio da casa 5.

Em astrologia arquetipal consideramos que os assuntos de cada casa estão ligados às características do signo correspondente, e ao planeta regente desse signo. A casa 5 está relacionada com as características de Leão e com o Sol. Como durante parte do mês de Agosto o Sol está em Leão e muitos europeus tiram férias (actividade também do domínio da casa 5) chegou a altura certa para o meu comentário astrológico. Além disso, durante as férias com os netos americanos estive a jogar Monopólio com eles.


Quando nos referimos ao nosso signo, referimo-nos ao signo solar objecto de interpretação astrológica “light” em milhares de jornais e revistas. Mas na astrologia mais séria o assunto é complicado. O Sol simbolicamente representa o ponto central do carácter, o nosso diálogo com o ego, a forma e o percurso como nos tornamos um ente único. É através do Sol que criamos uma identidade pelas escolhas que fazemos, pela manifestação do quereremos e pela expressão criativa.

Outros pontos do tema mostram diversas facetas da personalidade, especialmente a Lua e o Ascendente. A Lua representa aquilo que precisamos para nos sentirmos emocionalmente seguros. A não ser que tenhamos nascido de madrugada quando o Sol está no mesmo signo do Ascendente, “what you see is not what you get”. Usamos as características do ascendente como uma máscara, às vezes como um mecanismo de defesa, e não mostramos aos outros a essência de quem somos, isto é o Sol.

Assim como o Sol físico é o centro do sistema solar em torno do qual giram os planetas, asteróides, satélites, o Sol astrológico tem uma função integradora da personalidade parecida com a do chefe de uma banda de vários instrumentos.

Quando jogamos estamos em pleno mundo solar/casa 5: suspendemos ansiedades e medos, não precisamos de nada em termos emocionais porque estamos dentro do mundo artificial com regras e limites e, por isso, perfeitamente seguro. Não há necessidade de mecanismos de defesa, não queremos impressionar ninguém, podemos ser nós próprios, podemos exprimir a nossa essência, quem somos realmente, a música que a banda toca. Podemos exprimir o núcleo, o pontinho do glifo astrológico do Sol.

Mães, Pais, Avós e Avôs: observem os vossos filhos e netos a jogar para terem um vislumbre de quem serão!
Namoradas e namorados: não se deixem levar pelo que os vossos queridos vos dizem, é através do jogo que eles e elas vos dirão quem são!

Luiza Azancot

1 comentário:

JdB disse...

Bom post Luiza.
E de facto, quanto mais conheço a vida, mais sei que muito se vê à mesa de jogo - e não é só a educação...
J

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