27 novembro 2013

Duas últimas

Quisera ser passarinho, mas Deus fez-me apenas imperador.

Esta frase, cuja sintaxe me oferece dúvidas e cujo autor não descobri (parece ser de um imperador romano) acompanha-me há décadas, porque a minha memória percorre caminhos bizarros. Na frase leio um desejo de liberdade, talvez de simplicidade, mas, e sobretudo, uma clara noção da importância relativa das coisas. O advérbio apenas é uma prova determinante, não fosse eu ter-me explicado mal.  

A simplicidade é uma conquista muito difícil, eventualmente superior à conquista do Annapurna. Talvez seja mesmo - e ironicamente - algo de muito complexo. Quando falamos de simplicidade falamos exactamente de quê? De ausência de requinte ou de luxo? De despojamento ou de frugalidade? De ascetismo? De sem-cerimónia? E o que é a simplicidade nas relações entre as pessoas, na aproximação aos outros? 

Cada um de nós terá ideias próprias sobre o tema em apreço. Uns apreciarão o assunto, outros terão sérias e fundadas dúvidas sobre a universalidade da definição, muitos terão ideias próprias relativamente ao conceito. O que é para uns não é para outros. Aí, nessa heterogeneidade de concepções, reside o encanto, e tantas vezes o seu inverso. Mas a vida é o que é.

***

Deixo-vos com os Dead Can Dance em duas músicas improváveis na minhas discografia, com as quais me cruzei derivado às tropelias do destino.

JdB  



2 comentários:

Anónimo disse...

Quadra muito cantada no Fado

Papoilas que o vento agita
Não me canso de vos ver
Há lá coisa mais bonita
Que ser simples sem saber
SdB(I)

Anónimo disse...

Improváveis mesmo...
Abr
fq

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