15 dezembro 2014

Vai um gin do Peter’s?

Em época de Natal, solidariedade, bondade pura e simples, é o que melhor acorda o espírito natalício, até porque há menos desvios com a corrida aos presentes, mais contida pela crise. Mesmo a falta de espaço nas casas também sugere contenção.

Entrando no espírito da quadra, aqui vão 3 presentes simbólicos, como 3 votos para o Novo Ano que se aproxima:


 Ser mais próximo do próximo, sobretudo dos “diferentes” e sós

O prémio Goya para a Melhor Curta-Metragem de 2014, distinguiu o filme de animação «CORDAS», que conta a história de uma menina amorosa, de um orfanato, que elegeu para seu melhor amigo o novo colega de classe, com paralisia cerebral.
10 minutos deliciosos, onde se torna palpável quanto um olhar amigo faz toda a diferença.

Bem à maneira dos contos clássicos, aposta-se num símbolo forte e expressivo, que serve de fio condutor à narrativa. Aqui, a função é desempenhada por uma corda grossa e flexível, que cumpre em pleno a sua vocação de ligar elementos distantes. Os menos prováveis.

Para os humanos, dotados do dom da memória, a ligação sugerida pela corda sugere a união de tempos diferentes, superando facilmente a barreira temporal… Por isso, 20 anos depois, ainda e sempre se poderá “sentir” a presença que já partiu para o céu. Claro que a fé abre logo esta perspectiva; mas curiosamente, as vias da amizade e do amor profundo inspiram e sustentem a mesmíssima convicção, daquelas que mais desafiam os cépticos por natureza! Nisso, amor e fé convergem em pleno, espontaneamente, se houver espontaneidade nestas matérias…  


Todos iguais no principal, mas tão diferentes no “acessório”, embora frequentemente o acessório possa ter muito maior visibilidade e preponderância a nível epidérmico que a dimensão mais escondido e subtil da identidade humana. Esse é o desafio de «CORDAS», num testemunho tocante de generosidade e humanidade, pela voz dos mais novos.






 Maior criatividade para virar as dificuldades a nosso favor


A propósito da tradição dos presentes para os mais novos, no Natal, que vem da distribuição generosa de surpresas com que S.Nicolau (Santa Klauss na versão disseminada nos EUA) cobria as criancinhas, vem a história da Lego, que é a prova da capacidade humana de ir mais longe, precisamente, por necessidade de superar a crise. Quando um operário dinamarquês se viu no desemprego, no início do século XX, lembrou-se de inventor um brinquedo útil, pedagógico para os mais novos, permitindo-lhes construir a partir de módulos adaptáveis a tipo de construções muito diferentes, segundo a imaginação de cada pequenino. Assim nasceu o lego




 Mais ajuda concreta, porque muita gente precisa

José Mujica não será um dos nomes mais conhecidos entre os portugueses, mas a sua história merece ser contada.

Segundo dá conta o site Europa Press, o presidente uruguaio falava ao jornalista quando foi abordado por um sem-abrigo que, em lágrimas, lhe pediu uma moeda. Conhecido pelos seus atos de generosidade para com os mais desprotegidos, ‘Pepe’, como é conhecido, disse que não tinha, mas que o ajudaria sob uma condição: que o senhor parasse de chorar.

De um momento para o outro, surpreendendo quem lá estava para o entrevistar, Mujica tira a carteira de um bolso, e oferece uma nota de 100 pesos, ao seu interlocutor. O gesto comoveu ainda mais este homem que lhe agradeceu efusivamente gritando “que seja presidente para sempre”.


De referir que, segundo noticiado por diversos órgãos de comunicação social, o presidente uruguaio doa mensalmente 90% da remuneração que aufere a obras de caridade.



Maria Zarco

(a  preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)

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