13 novembro 2015

Das emoções

A conversa decorreu inicialmente entre uma torrada, um sumo de laranja e uma água do castelo com gelo e limão. No dia seguinte foi em frente a uma lareira. Em ambos os momento persiste uma pergunta: qual o verdadeiro interesse de reflectirmos sobre estes temas?

Nas várias formas de arte, o que provoca em nós emoções? Emocionamo-nos da mesma forma com cinema, literatura (romance, poesia, outros) pintura, escultura, fotografia? Todas estas formas de arte têm a mesma capacidade de nos suscitar abalar, comover? 

Olho para dentro de mim: como para a maior parte das pessoas, estou certo, o cinema tem uma enorme capacidade para me envolver, "sugando-me" para dentro da história, tendo pena de quem sofre, alegrando-nos com quem se sente feliz. Acontece o mesmo com a literatura, nomeadamente o romance. Já pouco sinto quando leio poesia, provavelmente porque tenho muita dificuldade (que é diferente de gosto, ou ausência de) em lê-la, sobretudo se lhe faltar métrica e rima. Quando penso em fotografia lembro-me do Barthes e da sua noção de punctum. Uma fotografia tem a capacidade de me provocar uma emoção. 

Relativamente à música, há uma nuance. Quase todos os géneros musicais me oferecem a possibilidade da emoção, mas tenho de lhes associar um momento ou uma época em que tenha sido feliz: uma certa juventude, uma certa pessoa, um certo momento. A música clássica independe de tudo isso. Comove-me e, num certo "estilo" - nomeadamente a música coral  - leva-me a um patamar diferente. 

Vem por último a pintura / escultura. Posso perder horas, já aconteceu, a deambular por uma época ou um pintor específico. Aprecio a beleza, a técnica (enfim, sou muito ignorante) o tema. Mas não há um único quadro que me suscite uma emoção, para além da apreciação da estética. Uma fotografia emociona-me; uma pintura que reproduza o que reproduz a fotografia não me toca nem um milímetro. Porque será?

O assunto não te interesse, de facto, a não ser para mim. Desculpem qualquer coisinha...

JdB

PS: podemos admitir como verdadeiro que aquilo que lemos reflecte um pouco do que nós somos? Se sim, o que diz de alguém o facto dessa pessoa detestar ler romances?     

1 comentário:

Anónimo disse...

também interessa a quem bebeu a água de castelo.

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