28 dezembro 2015

Vai um gin do Peter’s?

A ideia interessante do crowdfunding veio para ficar, enquanto fórmula de sucesso para patrocinar projectos interessantes que, pelas vias tradicionais, não conseguiriam financiamento suficiente. Felizmente que chegou a Portugal e está a reunir um número crescente de adeptos. 

Um dos projectos que hoje anima muitos tem a ver com o Natal, porque envolve a aquisição a um privado da tela da “Adoração dos Magos”, da autoria Mestre Domingos Sequeira (1768-1837). Basta cada português contribuir com 50 cêntimos para o Estado reunir a maquia necessária para garantir que aquela obra de arte continua em solo nacional e de acesso público. 

A iniciativa partiu do MNAA (Museu Nacional de Arte Antiga(1)) que, na última década, nos habituou a um dinamismo e empreendedorismo pouco comuns no mundo da cultura. Muito louvável! De outra forma, seria impossível aquele Museu ter a veleidade de tentar comprar o valioso quadro:  
   
«A Adoração dos Magos», de Domingos António Sequeira, 1828.

Óleo sobre tela, 100 x 140 cm. Coleção particular

Só por si, o tamanho exíguo da colecção de pintura portuguesa torna premente esta compra. Acresce ainda a qualidade da obra em questão, pintada em 1828, num período muito conturbado da vida nacional, em plena guerra civil, conhecida por Guerras Liberais, que se arrastaram de 1828 a 1834, provocando uma segunda devastação, depois das Guerras Napoleónicas. Observa da tela, o MNAA: «Pela prodigiosa modelação das figuras e da luz, e pela estrutura da composição, “A Adoração dos Magos” é, como já em 1837 afirmava um académico romano, um absoluto capolavoro, uma obra-prima. Trata-se de uma obra visionária que evidencia uma marca essencial do estilo do pintor: a sua enorme capacidade de síntese entre o clássico e o romântico.»
 

Zoom sobre a homenagem dos Reis ao Menino


Sobre o pintor, explica o MNAA que: «Domingos António de Sequeira (Lisboa, 1768 - Roma, 1837) consegue, graças à precoce revelação do seu talento, proteção aristocrática e uma bolsa para aperfeiçoar a sua arte em Roma. Privou com os melhores mestres, obtendo prémios académicos. Com duas estadias em Paris, onde é distinguido no Salon de 1824, regressa a Roma, reencontrando o reconhecimento dos seus pares do meio artístico. Aí se dedica à notável série de quatro pinturas religiosas que constituem o zénite da sua carreira e que exprimem a liberdade do seu génio criativo: um extraordinário testamento artístico no qual sobressai “A Adoração dos Magos”.»

Para saber como se pode tornar mecenas, em seu próprio benefício, há informação disponível online, quer sobre o processo, quer sobre a forma de contribuir: (http://sequeira.publico.pt/?nonce=4e3f06a1268fcf48dd88b46631243d41&nonce=e9f7b7729e2ab65df072377a97c45b7c&nonce=a8254723226a037b07a0c47f63c9840f&nonce=a8254723226a037b07a0c47f63c9840f ).

Para um momento de pausa nas Festas, segue o link para um artigo extraordinário de António Araújo, intitulado «MISTÉRIOS DA NATIVIDADE»(2)
 (http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/misterios-da-natividade-1717123) 

Continuação de BOAS-FESTAS  e FELIZ ANO NOVO,

Maria Zarco
(a  preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)
_____________
 (1)  Portal do MNAA: http://www.museudearteantiga.pt/exposicoes/vamos-por-o-sequeira-no-lugar-certo.
 (2)  Do PÚBLICO de 13 de Dezembro de 2015.

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