28 setembro 2017

Duas últimas

Sou o mais velho de sete irmãos.

João, o segundo na escala etária, sempre foi arrojado e intrépido, usando a preceito a destreza física que Deus lhe deu. Jogou rugby, foi forcado em Alcochete, fez o curso dos "Comandos" como voluntário. Não provocava mas também não se temia. Lembro-me por exemplo de certa vez, na Figueira da Foz, em que me safou com grande valentia e decisão de uma situação que, do outro modo, podia ter acabado bem mal.

Os seus dois filhos homens seguiram-lhe as pisadas, nos feitios, nas pegas de caras, na rectidão dos caracteres.

Fernando, o mais novo, morreu no passado dia 16, na sequência de lesões sofridas a pegar um touro nas festas da Moita. Aqui lhe presto a minha sentida homenagem.

Teve uma vida breve mas muito enriquecedora. Para a sua família, para os seus amigos, para os que o conheceram, para si próprio. Agradeço o tempo que tive com ele, relembro com nitidez a ocasião em que jantou sozinho em nossa casa para uma conversa aberta e descontraída, registo o jeito e paciência que tinha para com as crianças e a forma entusiástica como era retribuído, tento resistir à tentação da tristeza que o seu desaparecimento inevitavelmente em todos provoca.

Era homem de fé profunda, vivificada na confissão frequente e na comunhão diária. Que Deus o tenha bem perto de Si.

Falando com o seu irmão Joaquim Pedro sobre as preferências musicais do Fernando, referiu-me os Abba, e particularmente a música deles com o seu nome. Aqui pois a trago.

fq

2 comentários:

JdB disse...

Grande texto, em que as mãos que o escreveram foram comandadas pelo coração, não pelo cérebro. E ainda bem! Lá no Céu, onde está, aposto que o teu sobrinho está a cantarolar a música, elevando a voz para cantar este verso: every hour every minute seemed to last eternally. Porque foi assim que ele viveu, segundo vou lendo.
Abraço,

Anónimo disse...

Obrigado, meu caro amigo.

Um abraço,

fq

Acerca de mim

Arquivo do blogue