18 dezembro 2017

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Homenagens
Nem sempre sou fã dos textos do Pe. Portocarrero de Almada, mas este artigo, publicado no jornal Observador deste sábado, vale a pena ler. Fala, entre outras coisas, da homenagem que a Assembleia da República fez ao Zé Pedro, músico dos Xutos e Pontapés, que morreu há pouco tempo.

Embora lhes reconhecendo valor e popularidade, nunca fui fã dos Xutos e Pontapés. No entanto, mesmo que o fosse, far-me-ia alguma confusão esta espécie de histeria nacional colectiva com a morte do músico, materializada em capas de revistas que falam no luto do País, na necessidade da Assembleia da República fazer qualquer coisa, no velório no antigo museu dos Coches. De facto, como diz o Pe. P. de Almada, não se lhe conhece intervenção a nível nacional. Apenas música - e presumo que boa.

Nada me move contra o músico, com quem nunca me cruzei. Move-me, isso sim, esta espécie de saloiice nacional de promover a notáveis do país pessoas que se salientaram pela sua profissão digna, seguramente, mas do ramo do entretenimento nacional: músicos ou actores de telenovela, que são capa de revista e habitam uma espécie de Olimpo para onde olham, embasbacados, os que vivem num beco sem dimensão crítica.

Há, em mim, uma certa desconfiança pelo mundo da distribuição. Curiosamente, duas das pessoas mais ricas de Portugal são / eram dessa área. Nesse sentido, e não querendo aprofundar outras histórias que não domino nem sei se são verdade, não tenho um enorme apreço pelo Eng. Belmiro de Azevedo. Não obstante, penso que é mais merecedor da homenagem que uma parte do Parlamento negou. 

Festa da Acreditar
Realizou-se sábado a festa de Natal da Acreditar. Muitas crianças e jovens, Pais e amigos desta comunidade. Gente que luta mas que se diverte, que dança em pé num auditório, que ri, que vem do Porto ou de Coimbra ou de Lisboa para a festa, que vive cá vindo de Moçambique ou de Cabo Verde para tratar um filho. Gente que apesar de tudo não perde o sentido de humor

(e a propósito tenho de contar esta história: ao meu lado, alguém se cruza com um grupo de Barnabés, aqueles que são os "sobreviventes" da doença que tiveram enquanto crianças ou jovens. Simpaticamente, e do fundo da alma, diz-lhes: vocês estão cada vez mais bonitos.  Resposta imediata de um deles, com acentuado sotaque nortenho: é da quimioterapia...

Já no fim da festa, uma surpresa: o Ricardo Araújo Pereira aparece para contar uma graças e pôr o auditório a rir. E conta uma história: que há alguns anos (talvez oito ou nove) ia ao IPO fazer voluntariado, talvez com os Gatos Fedorentos, e passou num quarto onde uma miúda de nove anos estava isolada, como se estivesse num aquário. E ela, que raramente sorria, riu à gargalhada porque o Ricardo A. P. lhe perguntou: quem é que achas que é o mais palhaço de todos nós? E que ela terá dito que era ele...

Depois, porque o apresentador tlhe disse que havia duas pessoas que queriam falar com ele (uma era eu, porque tinha sido aluno dele) o Ricardo A. P. perguntou: a Marinela (o nome da rapariga) está cá? E a Marienela estava e subiu ao palco, e pôs um comediante a chorar, visivelmente comovido com este encontro inesperado.

Talvez a história diga mais a quem, como eu, se sensibiliza com estas coincidências significativas. Ou que vai sabendo o que representa o 7º piso do IPO de Lisboa.

JdB

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