28 julho 2020

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Funchal, Julho de 2020

TAP

Já aqui o disse: tive a sorte de começar a viajar cedo - e na TAP: serviço impecável, comidas quentes, menu em papel de boa gramagem, opção de refeições, talheres de metal. Nada é eterno, e a necessidade de cortar custos, o desaparecimento de uma certa aura de aventura na vida de uma hospedeira, o desejo do turismo de massas e o 11 de Setembro deram cabo de tudo. Passou a haver uma sandes má de atum ou um pacotinho com sete bolachas salgadas. Para uma certa imagem que ainda tinha na memória, a ida ao Funchal foi um desastre: não havia refeições quentes, não havia sandes nem salgadinhos; havia, isso sim, comida paga. Não acho que seja uma vergonha ou um disparate - foi apenas uma tristeza. Como sempre, a expectativa (ainda que já muito pequenina...) é mãe da desilusão. Acresce ainda que no regresso houve falta de comida para vender...

Padre

Contam-me uma história curiosa e muito verdadeira: falam a um padre de província sobre o fim do celibato dos padres ou alguma coisa do género. O padre empertiga-se, irrita-se e diz: é fácil viver sem nada; sabes o que é a dificuldade de viver com pouco? Não me lembro do que suscitou a pergunta, mas gostei sobretudo da resposta.

Uber

Usei Uber para ir para o aeroporto; usei Uber no Funchal. Serviço sempre 5 estrelas - bom e barato. Chamo um Uber para o trajecto aeroporto - casa. Motorista simpático mas com uma conversa estranha: é hipertenso, teve muitos amigos que morreram de covid 19, a irmã, o cunhado e os sobrinhos (ou familiares semelhantes) apanharam todos o virus mas safaram-se. Questiono-me se devia sair na 2ª Circular ou se confio no destino - ou se acredito que ele é apenas um homem com uma conversa pouco convidativa. 

JdB


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