09 outubro 2024

Vai um gin do Peter’s ? 

OUTUBRO COM BONS PROGRAMAS 

Seguindo a ordem cronológica, na próxima Sexta-feira, às 19h00, a Gulbenkian oferece em sinal aberto a audição online do concerto, onde será interpretada a mais conhecida obra do compositor britânico Gustav Holz «Os Planetas», além do magnífico Concerto para Piano e Orquestra n.º 2 (em Dó menor, op. 18), do russo Rackmaninov, interpretado pelo talentoso pianista israelita Boris Giltburg. Um programa promissor, de sala esgotada (Os Planetas – Gulbenkian Música). 

Gustav Holz e a composição orquestral que o elevou a rock star da música clássica, composta nas vésperas da Primeira Guerra Mundial.  Desdobra-se em sete andamentos: 1. “Mars, the Bringer of War” (1914), 2. “Venus, the Bringer of Peace” (1914), 3. “Mercury, the Winged Messenger” (1916), 4. “Jupiter, the Bringer of Jollity” (1914), 5. “Saturn, the Bringer of Old Age” (1915), 6. “Uranus, the Magician” (1915), 7. “Neptune, the Mystic” (1915) 

Tributo de Jimmy Page, dos Led Zeppelin à peça de Holz, incorporando acordes do primeiro andamento The Planets em «Dazed and Confused»: 


No Domingo, das 11h-12h, no Museu do Oriente, o especialista de história de arte e ourivesaria, Nuno Vassallo e Silva, irá contar a história de uma peça extraordinária, adquirida em Maio pela Fundação Oriente: um aquamanil em prata, na forma mítica de dragão-peixe fêmea, com reminiscências do monstro mitológico mencionado na “Peregrinação” de Fernão Mendes Pinto, como fauna originária da ilha indonésia de Sumatra – o caquesseitão. A par dos gomis e das bacias de água talhadas em materiais nobres, estas peças cumpriam a função de purificar as mãos, antes e depois das refeições, num ritual conhecido por ‘água-às-mãos’. Na Europa pós Renascimento, tornara-se num cerimonial comum das refeições nas cortes europeias e nas casas da nobreza.

Aquamanil Caquesseitão | Sul da China ou Sudeste Asiático (?) | Séc. XVII (primeira metade).
Descrição: escultura em prata com vulto perfeito, decorado em relevo com escamas, asas amovíveis, terminação da cauda de enroscar com pega assente em pés em forma de garra.
Medidas - 53x50x21cm; peso - 5845 g.
Integrado no acervo do Museu do Oriente (Doca de Alcântara; www.foriente.pt). 

Este aquamanil terá pertencido a um pequeno conjunto de dez exemplares, cuja maioria era propriedade de colecções da aristocracia portuguesa, todos de grandes proporções, à maneira das peças congéneres chinesas. No dorso, decorado a escamas, destaca-se uma pega portentosa para aguentar o conjunto cheio de água. Tipicamente, no bico abocanha um pássaro, por onde flui a água, garantindo um pequeno caudal, mais comedido. Misto de animal marinho alado e terrestre cruza uma cabeça de dragão com cauda de serpente enrolada e terminal de peixe (onde está a rosca, por ronde entra a água), patas de ave, asas de morcego cobertas de escamas e articuladas. Tudo indica ter inspiração na imagética oriental e poder provir das franjas longínquas do Império, longe da corte espanhola – Macau, até pelo seu peso excessivo e pelo fabrico em prata, mais comum na produção ourives chinesa do que na indiana. Na primeira metade do século XVII, período em que a peça é situada e com o país ainda sob a dominação filipina, o dragão costumava representar Portugal a resistir ao leão, que figurava Castela.  

Na Sexta-feira, 25 de Outubro, a Gulbenkian volta a emitir via streaming o concerto que decorrerá no Grande Auditório, às 19h00, dirigido pelo maestro Lorenzo Viotti, para interpretar Mozart e Brahms. Do primeiro, ouviremos o Concerto para Clarinete e Orquestra, em Lá maior (K. 622) e do segundo, a Sinfonia n.º 1, em Dó menor (op. 68) –  Concerto para Clarinete de Mozart – Gulbenkian Música.

Tantos programas interessantes, enquanto o Outono se adensa com as manhãs de nevoeiro e o cheiro aconchegante das castanhas e das brasas onde são assadas. Entretanto, o tempo voa até ao Natal…

Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas) 

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