24 julho 2009

as manhãs de lisboa

eram oito e cinquenta e nove desta manhã
quando o polícia de giro descruzou a perna
para melhor simular a sumptuosa autoridade
de quem faz rimar ao acaso pistola e taberna.

esta manhã, pelas oito e cinquenta e nove,
de perna já descruzada e sorriso engatilhado,
o polícia de que falávamos faz alto a um táxi
e apruma a autoridade, por si mesmo deslumbrado.

juro que eram oito e cinquenta e nove, juro,
quando o polícia surpreende - e logo surpresa xxl.
ajuda uma velhinha a entrar no táxi lá de trás
- onde se lia pistola, leia-se agora favo de mel.

oito e cinquenta e nove minutos - já vos disse?
era vê-lo, todo garboso e finamente aprumado,
despedindo-se da velhinha com uma continência
e dando ordem de 'siga', ao taxista embasbacado.

pela última vez: oito e cinquenta e nove da manhã,
vi com estes olhos que tão mal sabem por vezes ver:
ainda há esperança para a tão pitoresca polícia,
pelo menos enquanto em lisboa não amanhecer.

percebem agora as oito e cinquenta e mesmo nove?
(one minute to nine, yes it could be said that way)
afinal um minuto depois eram já umas exactas nove,
do polícia, taxista e velhinha não mais se soube,

mas deixaram-nos uma coisa que só eu sei..

gi

1 comentário:

DaLheGas disse...

Tchhh, odeio forças de segurança. Então entre a madrugada e a manhã, gi...

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