22 janeiro 2010

do teu amor

numas águas furtadas perdidas,
a cidade branca lá fora,
e nós, poetas e poema 'in motion',
entretidos a ser felizes.

disse um poeta russo
que nada do que excluía a alegria lhe interessava.
dias houve, minha querida,
em que tudo o que te excluía me dizia nada vezes nada.

como disse outro poeta, daqueles a sério,
um mundo que te inclui não pode ser um mau mundo.
mas agora, em que restamos já só de memória,
isso vale um avo de mel coado - moeda fraca e incolor.

sobeja-nos o mistério - e a 'feérie' -
de um dia, num vão de escada, termos sido capazes
de reinventar (sujeito, complemento e predicado)
essa coisa do amor.

(e tudo isso e o seu contrário:
o que a vida tem de pior e de melhor)

incluo aqui os beatles, kafka, ruy belo,
mais os cinco violinos do sporting,
toda a música sacra,
nova iorque e a matemática,
o dia mais perfeito,
daqueles que fazem rimar agosto e calor.

nada, minha menina, nada de nada,
chega ao sabor da tua pele,
essa ideia desvairada e luzidia
de matar fome e sede e mágoa
com as migalhas do teu amor.


gi.

2 comentários:

marialemos disse...

Que agradável começar o dia com uma chávena de café na mão, e uns versos que além do mais nos passam 'boa energia'. Ah!

Anónimo disse...

Que espectáculo, gi! Realmente, não é poeta (ou artista, tout court) quem quer ... é quem é...! Lindíssimo. Obrigada. pcp

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