12 janeiro 2010

Inspirações

Os lobos uivam para ela. Os lobisomens atacam quando está cheia. E são muitos os homens que, com a sua arte e engenho, demonstraram o fascínio e a atracção pelo ponto maior do céu. Pintaram o brilho e o reflexo sobre o mar, escreveram-lhe mil linhas de amor, filmaram-na em grandes planos que enchem o ecrã. Para além de tudo isto, foram muitos os que transformaram em música este fascínio.

Em 1973 quatro rapazes que, não satisfeitos com o que ela mostrava á primeira vista, tentaram descobrir o seu lado mais obscuro. Partiram numa viagem de 43 minutos que havia de passar por perguntas sobre o tempo, o dinheiro, a morte e a loucura. Quando chegaram ao fim concluíram que não havia um lado escuro... era completamente escura, na realidade.

E alguns séculos antes reza a lenda que uma cega de nascença, triste e infeliz por desde sempre ter sido privada das cores do mundo, pediu a um célebre compositor que lhe descrevesse o brilho da noite. Este, célebre pelo seu temperamento, sentou-se a um piano. E da descrição que ele fez saiu uma das mais bonitas sonatas que o mundo conhece.

Umas dezenas de anos mais tarde outro compositor, depois de ler um poema sobre a sorte e as paisagens que a noite esconde, decidiu escrever a sua versão com sustenidos e colcheias, criando assim o seu clair de lune.

Já por cá, um famoso poeta do Norte disse, depois de alguns copos, que a lua é a mulher que hoje vou abraçar.

Para mim, a lua é a minha companhia enquanto escrevo este texto. Apoiada nos cotovelos, vai espreitando e entrando devagarinho pela janela do quarto.

SdB (III)

2 comentários:

Mike disse...

Ela em África era a companhia de quem lia ao relento. Quando estava cheia, em plena savana, parecia um imenso candeeiro do mato. Muito bom este texto, SdB.

ZdT disse...

Boa Muna, estás à altura de me safar as terças-feiras. =)

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