01 janeiro 2010

lisboa, 2009.

chegados aqui, arriscamos o provisório tornado definitivo:
mais um balanço do ano que agora finda.

a palavra 'provisório' aponta ao futuro
e é um farol apagado, impotente, ridículo,

ao passo que a palavra 'definitivo' aponta ao passado
e é uma cruz indelével, uma derrota que pesa, coisa séria.

chegados aqui, à curva do tempo que nos diz que 2010 está a chegar,
apetece resignar a qualquer caminho futuro,
aceitar a troca óbvia de tempos e possibilidades.

o futuro deveria pertencer ao futuro, farol incendiário,
e o passado devia ficar-se pelo passado, mero registo burocrático.

mas não é assim, como bem sabemos, tu e eu.
por isso, por essa mesmíssima razão,
todos os anos,
há gente que morre de sede no inverno
e outros que se afogam em pleno verão.

ontem, foste a coisa mais bela.
hoje, és maré vazante, já só memória.

mas 'amanhã' tem mais uma sílaba
que 'ontem' e 'hoje',
e deixa-me dizer-te um segredo:
rima contigo.


gi.

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