01 agosto 2018

Vai um gin do Peter’s?

Já em ambiente de férias, partilho uma interpretação divertida de uma presidência que faz questão de estabelecer a máxima proximidade com os cidadãos. Disposto a mergulhar nos acontecimentos, procura estar sempre no terreno, acudindo a uns e a outros conforme a situação o dite. Num desempenho do cargo marcado pelo zelo e por um estilo garrido e efusivo, continua a somar recordes de popularidade. Chega a parecer incansável, sendo do domínio público que se contenta com poucas horas de sono. 

Num humor suave e apartidário, alguém concebeu um encaixe perfeito da personalidade hiperactiva dos nossos dias nas situações imortalizadas em telas antanhas, todas elas célebres e plenas de significado: ora em solidão, ora em dor escancarada, ora a contar com um afecto explícito. Nesta paródia acrescenta-se ao dom da ubiquidade, a capacidade de viajar no tempo ou para lá do tempo…  Segue-se a ordem cronológica das quatro telas postadas: 

1503-06, «A Gioconda», de Leonardo, a partir da modelo Lisa – possivelmente,
a mulher do rico comerciante de sedas florentino Francesco del Giocondo.
Nesta pintura sobre madeira de álamo, Leonardo estreia a técnica do “sfumato”
e concebe um retrato portentoso, de sorriso enigmático,  reservado e sedutor,
carregado de subtilezas difíceis de dissecar, até ao pormenor.
O desnível intencional na linha do horizonte, visivelmente mais baixo no lado direito
(mas truncado neste zoom), faz com que Mona Lisa pareça muito maior vista a partir da esquerda.
Napoleão Bonaparte ficou tão fascinado com a tela, que exigiu tê-la nos seus aposentos.
No Verão de 1911, foi roubada ao Louvre, seguindo-se um processo de interrogatórios
e prisões sumárias, que vitimou diversos artistas.
Os suspeitos incluíram, por exemplo, Picasso (preso durante meses) e o poeta Apollinaire.
Só anos mais tarde se descobriu o quadro e o ladrão – um italiano, ex-empregado do museu. 

1893, «O Grito da Natureza», do norueguês Edvard Munch.
Considerado «A Gioconda» da arte contemporânea.

1907-08, «O Beijo», do simbolista vienense Gustav Klimt,
numa profusão dourada que evoca a arte bizantina.
Os ornamentos curvos são, comummente, associados à feminilidade
e os rectilíneos à masculinidade. 

Jun.1937, «Guernica», de Picasso, com dimensões de mural: 3,49m X 7,76m.
Pulverizando as figuras do Presépio, ergueu-se como manifesto contra a guerra.
Em plena Guerra Civil espanhola, o pintor quis denunciar a razia causada pelos
bombardeamentos maciços da Legião alemã-nazi Condor sobre a povoação basca
de Guernica, na tarde de 26 de Abril de 1937.
Em apenas 2 horas, a cidade-bastião das forças republicanas ficou reduzida a pó.
Em termos bélicos, o ataque serviu para testar o alcance da Blitzkrieg,
aplicada dois anos depois pela Luftwaffe.

Óptimas férias aos que partem e bom trabalho aos que ficam, com maior sossego para aproveitar as cidades semi-esvaziadas dos residentes habituais. Na Gulbenkian, o ciclo de jazz tem uma programação apetecível (https://gulbenkian.pt/jazzemagosto). 

Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)


1 comentário:

Anónimo disse...

Vá lá... Saíu da casca...

Post fora do vulgar. Sobretudo com Gustav Klimt.

Felicitações,
ea

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