13 novembro 2018

Poemas dos dias que correm

the horizon just laughed

vinte anos para descobrir que afinal houve uma fresta,
a possibilidade de uma centelha e de toda uma vida diferente
entre esse ponto A e este ponto B onde, desalegres e bebidos,
matamos mágoas destes vinte anos tão bem e tão mal vividos.
de súbito, eras outra vez tu nos teus vinte e poucochinhos anos
ou, creio bem, seria eu, num etilizado e furioso "rewind",
em busca destes anos, destes tantos anos tontos.
a luz do cigarro iluminou-te ténuemente - como és bela, pensei -,
enquanto semi-dançavas sentada canções antigas.
sim, sempre o amor, agora como dantes como amanhã,
a única coisa viva em toda uma cidade que dorme.
os anos passaram, rapariga (obrigado, Manuel, pelas palavras)
e nós estamos apenas mais longe de termos acertado
e tão mais perto de termos falhado essa nossa outra vida.

o horizonte riu-se.
o táxi cruzou a jamais nossa cidade.
e eu disse-te adeus, até outra vida, menina.

gi

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei de o ler gi. Por momentos fez-me lembrar um outro tempo em que me corria tinta nas veias. a.

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